terça-feira, 29 de setembro de 2015

Entendimento - Emmanuel





Entendimento

Emmanuel



O cultivador do campo não prescinde do arado com que sulcará o corpo da gleba.


O estatuário recorrerá ao buril para afeiçoar o mármore à idéia criadora que lhe inflama a cabeça.


A criatura interessada na produção de reflexos mentais protetores de sua senda não dispensará o entendimento por alicerce do trabalho renovador.


Entendimento que simbolize fraternidade operante.


Simpatia que se converta em fulcro de força atrativa, exteriorizando-nos a melhor parte, para que a melhor parte dos outros se exteriorize ao nosso encontro.


Todos somos compulsoriamente envolvidos na onda mental que emitimos de nós, em regime de circuito natural.


Categorizamo-nos bons ou maus, conforme o uso de nossos sentimentos e pensamentos, que, no fundo, constituem cargas de energia eletromagnética, com as quais ferimos ou acalentamos, ajudamos ou prejudicamos, vitalizamos ou destruímos, e que voltam, invariavelmente, a nós mesmos, impregnadas dos recursos felizes ou infelizes com que lhes marcamos a rota.


Quando coléricos e irritadiços, agressivos e ásperos para com os outros, criamos por atividade reflexa o desalento e a intemperança, a crueldade e a secura para nós mesmos, e, quando generosos e compreensivos, prestimosos e úteis para com aqueles que nos cercam, criamos, conseqüentemente, a alegria e a tranqüilidade, a segurança e o bom ânimo para nós próprios.


Responde-nos a vida em todas as coisas e em todas as criaturas, segundo a natureza de nosso chamamento.


Até o ingresso na Consciência Cósmica, todos os seres se distinguem pela face de luz com que se alteiam para os cimos da evolução e pela face de sombra pela qual ainda sofrem a influência da retaguarda.


A própria posição vulgar do homem na Terra vale por símbolo dessa condição específica. 


Por cima o fulgor pleno do Sol, por baixo a escuridade do abismo.


Todos recolhemos do Pai Celeste os estímulos ao futuro e todos padecemos os reflexos do passado a se nos projetarem sobre a existência.


Desatando, assim, as algemas do mal que nós mesmos forjamos em detrimento de nossas almas, há que buscar o bem, senti-lo, mentalizá-lo e plasmá-lo com todos os potenciais de realização ao nosso alcance.


Para começar, precisaremos separar o criminoso da criminalidade, como o lavrador que estabelece diferença entre o verme e a plantação, para abolir o domínio do primeiro e enriquecer a utilidade da segunda. 


E assim como o trabalhador rural extingue a praga, salvando a lavoura, é necessário que o nosso entendimento improvise meios de auxiliar o companheiro que caiu sob o guante da delinqüência, sem alentá-la.


Apequenar-se para ajudar, sem perder altura, é assegurar a melhoria de todos, acentuando a própria sublimação.


Entretanto, só o culto infatigável do entendimento pode garantir-nos o equilíbrio indispensável no serviço de autoburilamento em que devemos empenhar os nossos melhores sonhos, de vez que apenas o amor puro é capaz de criar em nossa mente a energia da luz divina, a expandir-se de nós em reflexos de protetora renovação.




XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento e Vida, cap.10, p.17-18.

sábado, 26 de setembro de 2015

Sugestão - Emmanuel





Sugestão

Emmanuel



Comenta-se o fenômeno da sugestão mental, qual se fora privativo de gabinetes magnéticos específicos, mobilizando-se hipnotizadores e hipnotizados, à conta de taumaturgos.


Grasset, o eminente neurologista da escola de Montpellier, chega a classificar as sugestões em duas categorias:  - as intra-hipnóticas, que se efetuam no curso do sono provocado, e as pós-hipnóticas, que se realizam além do despertar.


Entretanto, a sugestão é acontecimento de toda hora, na vida de todos os seres, com base na reflexão mental permanente.


Dela se apropriou com mais empenho a magia, que, significando o governo das forças ocultas, tem sido, antes de tudo, o clima de todas as cerimônias religiosas na Terra, cerimônias essas em que se conjugam as forças de poderosas mentes encarnadas e desencarnadas, gerando sucessos que impressionam a mente popular, disciplinando-lhe os impulsos.


Força mental pura e simples, carreando a idéia por imagem viva, a sugestão, como a eletricidade, o explosivo, o vapor e a desintegração atômica, não é boa nem má, dependendo os seus efeitos da aplicação que se lhe confere. 


Temo-la, assim, não apenas no altar da oração e nos simbolos sagrados do serviço religioso, aconselhando a virtude e o progresso ao coração do povo, mas também nos espetáculos deprimentes dos ritos bárbaros e na demagogia de arrastamento, ressumando o psiquismo inferior que inspira a licenciosidade e a rebelião.


Nossas emoções, pensamentos e atos são elementos dinâmicos de indução.


Todos exteriorizamos a energia mental, configurando as formas sutis com que influenciamos o próximo, e todos somos afetados por essas mesmas formas, nascidas nos cérebros alheios.


Cada atitude de nossa existência polariza forças naqueles que se nos afinam com o modo de ser, impelindo-os à imitação consciente ou inconsciente.


É que o princípio de repercussão nos comanda a atividade em todos os passos da vida.


A escola é um lar de iniciação para as almas que começam as lides do burilamento intelectual, constituindo, simultaneamente, um centro de reflexos condicionados para milhões de espíritos que reencarnam para readquirir pelo alfabeto o trabalho das próprias conquistas na esfera da inteligência.


Com o auxílio dos múltiplos instrutores que nos guiam da cátedra e da tribuna, pelo livro e pela imprensa, retomamos no mundo a nossa realidade psíquica, determinada pela soma de nossas aquisições emocionais e culturais no passado, com a possibilidade de mais ampla educação da vontade para o devido ajustamento à Vida Superior.


Somos hoje, deste modo, herdeiros positivos dos reflexos de nossas experiências de ontem, com recursos de alterar-lhes a direção para a verdadeira felicidade.


Auxiliando a outrem, sugerimos o auxilio em nosso favor. 


Suportando com humildade as vicissitudes da senda regenerativa, instilamos paciência e solidariedade, para conosco, em todos aqueles que nos rodeiam.
Ajudando, ajudamo-nos.


Desservindo, desservimo-nos.


Por intermédio da sugestão espontânea, plantamos os reflexos de nossa individualidade, colhendo-lhes os efeitos nas individualidades alheias, como semeamos e obtemos no mundo o cânhamo e o trigo, a cenoura e a batata.


Somos, assim, responsáveis pela nossa ligação com as forças construtivas do bem ou com as forças perturbadoras do mal.




XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento e Vida, cap.9, p.15-16.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Instrução - Emmanuel





Instrução

Emmanuel


Já se disse que duas asas conduzirão o espírito humano à presença de Deus.


Uma chama-se Amor, a outra, Sabedoria.


Pelo amor, que, acima de tudo, é serviço aos semelhantes, a criatura se ilumina e aformoseia por dentro, emitindo, em favor dos outros, o reflexo de suas próprias virtudes; e, pela sabedoria, que começa na aquisição do conhecimento, recolhe a influência dos vanguardeiros do progresso, que lhe comunicam os reflexos da própria grandeza, impelindo-a para o Alto.


Através do amor valorizamo-nos para a vida.


Através da sabedoria somos pela vida valorizados.


Daí o imperativo de marcharem juntas a inteligência e a bondade.


Bondade que ignora é assim como o poço amigo em plena sombra, a dessedentar o viajor sem ensinar-lhe o caminho.


Inteligência que não ama pode ser comparada a valioso poste de aviso, que traça ao peregrino informes de rumo certo, deixando-o sucumbir ao tormento da sede.


Todos temos necessidade de instrução e de amor.


Estudar e servir são rotas inevitáveis na obra de elevação.


Toda a cultura intelectual é formada em cadeia de gradativa expansão.


As civilizações sucedem-se, ininterruptas, ao influxo da herança mental.


A arte, na palavra ou na música, no buril ou no pincel, evolui e se aprimora, por
intermédio da repercussão a exprimir-se no trabalho dos cultivadores do belo,
que se inspiram uns nos outros.


A escola é um centro de indução espiritual, onde os mestres de hoje continuam a tarefa dos instrutores de ontem.


O livro representa vigoroso ímã de força atrativa, plasmando as emoções e concepções de que nascem os grandes movimentos da Humanidade, em todos os setores da religião e da ciência, da opinião e da técnica, do pensamento e do trabalho. Por esse dínamo de energia criadora, encontramos os mais adiantados serviços de telementação, porquanto, a imensas distâncias, no espaço e no tempo, incorporamos as idéias dos espíritos superiores que passaram por nós, há Séculos.


Sócrates reflete-se nas páginas dos discípulos que lhe comungavam a intimidade, e, ainda hoje, consumimos os elevados pensamentos de que foi ele o portador.


Retrata-se Jesus nos livros dos apóstolos que lhe dilataram a obra, e temos no Evangelho um espelho cristalino em que o Mestre se reproduz, por divina reflexão, orientando a conduta humana para a construção do Reino de Deus entre as criaturas.


Conhecer é patrocinar a libertação de nós mesmos, colocando-nos a caminho de novos horizontes na vida.


Corre-nos, pois, o dever de estudar sempre, escolhendo o melhor para que as nossas idéias e exemplos reflitam as idéias e os exemplos dos paladinos da luz.



XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento e Vida, Cap.4, p.07.


domingo, 20 de setembro de 2015

Cooperação - Emmanuel





Cooperação

Emmanuel


Para que alguém dirija com êxito e eficiência uma empresa importante, não lhe basta a nomeação para o encargo.


Exige-se-lhe um conjunto de qualidades superiores para que a obra se consolide e prospere. Não apenas autoridade, mas direção com discernimento.


Não só teoria e cultura, mas virtude e juízo claro de proporções.


Dilatados recursos nas mãos, a serviço de uma cabeça sem rumo, constituem tesouros nos braços da insensatez, assim como a riqueza sem orientação é navio à matroca.


Quem governa emitirá forças de justiça e bondade, trabalho e disciplina, para atingir os objetivos da tarefa em que foi situado.


Quando o poder é intemperante, sofre o povo a intranquilidade e a mazorca, e, quando a inteligência não possui o timão do caráter sadio, espalha, em torno, a miséria e a crueldade.


Daí, conhecermos tantos tiranos nimbados de grandeza mental e tantos gênios de requintada sensibilidade, mas atolados no vício.


No mundo íntimo, a vontade é o capitão que não pode relaxar no mister que lhe é devido.


E assim como o administrador de um serviço reclama a ajuda de assessores corretos, a vontade não prescindirá da ponderação e da lógica, conselheiros respeitáveis na chefia das decisões.


No entanto, urge que o senso de cooperação seja chamado a sustentar-lhe os impulsos.


Nas linhas da atividade terrestre, quem orienta com segurança não ignora a hierarquia natural que vige na coexistência de todos os valores indispensáveis à vida.


Na confecção do agasalho comum, o fio contará com o apoio da máquina, a máquina esperará pela competência do operário, o operário edificar-se-á no técnico que lhe supervisiona o trabalho, o técnico arrimar-se-á na diretoria da fábrica e a diretoria da fábrica equilibrar-se-á no movimento da indústria, dele extraindo o combustível econômico necessário à alimentação do núcleo de serviço que lhe obedece aos ditames.


Observamos, assim, que no Estado Individual a vontade, para satisfazer à governança que lhe compete, sem colapsos de equilíbrio, precisa socorrer-se da colaboração a fim de que se lhe clareie a atividade.


A cooperação espontânea é o supremo ingrediente da ordem.


Da Glória Divina às balizas subatômicas, o Universo pode ser definido como sendo uma cadeia de vidas que se entrosam na Grande Vida.


Cooperação significa obediência construtiva aos impositivos da frente e socorro implícito às privações da retaguarda.


Quem ajuda é ajudado, encontrando, em silêncio, a mais segura fórmula de ajuste aos processos da evolução.



XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento e Vida, Cap.3, p.06.


quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Associação - Emmanuel





Associação

Emmanuel


Se o homem pudesse contemplar com os próprios olhos as correntes de pensamento, reconheceria, de pronto, que todos vivemos em regime de comunhão, segundo os princípios da afinidade.


A associação mora em todas as coisas, preside a todos os acontecimentos e comanda a existência de todos os seres.


Demócrito, o sábio grego que viveu na Terra muito antes do Cristo, assevera que “os átomos, invisíveis ao olhar humano, agrupam-se à feição dos pombos, à cata de comida, formando assim os corpos que conhecemos”.


Começamos agora a penetrar a essência do microcosmo e, de alguma sorte, podemos simbolizar, por enquanto, no átomo entregue à nossa perquirição, um sistema solar em miniatura, no qual o núcleo desempenha a função de centro vital e os eletrons a de planetas em movimento gravitativo.


No plano da Vida Maior, vemos os sóis carregando os mundos na imensidade, em virtude da interação eletromagnética das forças universais.


Assim também na vida comum, a alma entra em ressonância com as correntes mentais em que respiram as almas que se lhe assemelham.


Assimilamos os pensamentos daqueles que pensam como pensamos.


É que sentindo, mentalizando, falando ou agindo, sintonizamo-nos com as emoções e idéias de todas as pessoas, encarnadas ou desencarnadas, da nossa faixa de simpatia.


Estamos invariavelmente atraindo ou repelindo recursos mentais que se agregam aos nossos, fortificando-nos para o bem ou para o mal, segundo a
direção que escolhemos.


Em qualquer providência e em qualquer Opinião, somos sempre a soma de muitos.


Expressamos milhares de criaturas e milhares de criaturas nos expressam.


O desejo é a alavanca de fosso sentimento, gerando a energia que consumimos, segundo a nossa vontade.


Quando nos detemos nos defeitos e faltas dos outros, o espelho de nossa mente reflete-os, de imediato, como que absorvem do as imagens deprimentes de que se constituem, pondo-se nossa imaginação a digerir essa espécie de alimento, que mais tarde se incorpora aos tecidos Sutis de nossa alma. 


Com o decurso do tempo nossa alma não raro passa a exprimir, pelo seu veículo de manifestação o que assimilara fazendo-o seja pelo corpo carnal, entre os homens, seja pelo corpo espiritual de que nos servimos, depois da morte.


É por esta razão que geralmente os censores do procedimento alheio acabam praticando as mesmas ações que condenam no próximo, porquanto, interessados em descer às minúcias do mal, absorvem-lhe inconscientemente as emanações, surpreendendo-se, um dia, dominados pelas forças que o representam.


Toda a brecha de sombra em nossa personalidade retrata a sombra maior.


Qual o pequenino foco infeccioso que, abandonado a si mesmo, pode converter-se dentro de algumas horas no bolo pestífero de imensas proporções, a maledicência pode precipitar-nos no vício, tanto quanto a cólera sistemática nos arrasta, muita vez, aos labirintos da loucura ou às trevas do crime.


Pensando, conversando ou trabalhando, a força de nossas idéias, palavras e atos alcança, de momento, um potencial tantas vezes maior quantas sejam as pessoas encarnadas ou não que concordem conosco, potencial esse que
tende a aumentar indefinidamente, impondo-nos, de retorno, as conseqüências de nossas próprias iniciativas.


Estejamos, assim, procurando incessantemente o bem, ajudando, aprendendo, servindo, desculpando e amando, porque, nessa atitude, refletiremos os cultivadores da luz, resolvendo, com segurança o nosso problema de companhia.




XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento e Vida, Cap. 8, p.13-14.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Trabalho - Emmanuel






Trabalho

Emmanuel


Se nos propomos retratar mentalmente a luz dos Planos Superiores, é indispensável que a nossa vontade abrace espontaneamente o trabalho por alimento de cada dia.


No pretérito, apreciávamo-lo por atitude servil de quantos caíssem sob o ferrete da injúria.


A escola, as artes, as virtudes domésticas, a indústria e o amanho do solo eram relegados a mãos escravas, reservando-se os braços supostos livres para a inércia dourada.


Hoje, porém, sabemos que a lei do trabalho é roteiro da justa emancipação. 

Sem ela, o mundo mental dorme estanque. 


Fugir-lhe aos impositivos é situar-se à margem do caminho, onde o carro da evolução marcha, inflexível, deixando à retaguarda quantos se amolgam à ilusão da preguiça.


O usurário não padece apenas a infelicidade de sequestrar os bens devidos ao Bem de Todos, mas igualmente o infortúnio de erguer para si mesmo a cova adornada em que se lhe estiolarão as mais nobres faculdades do espírito.


Não vale, contudo, agir por agir.


As regiões infernais vibram repletas de movimento.


Além do trabalho-obrigação que nos remunera de pronto, é necessário nos atenhamos ao prazer de servir.


Nas contingências naturais do desenvolvimento terrestre, o espírito encarnado é compelido a esforço incessante, para o sustento do corpo físico.


Recolhe, de graça, a água pura, os princípios solares e os recursos nutrientes da atmosfera; entretanto, é preciso suar e sofrer em busca da proteína e do carboidrato que lhe assegurem a euforia orgânica.


Cativo, embora, às injunções do plano de obscura matéria em que transitoriamente respira, pode, porém, desde a Terra, fruir a ventura do serviço voluntário aos semelhantes todo aquele que descerre o espelho da própria alma aos reflexos da Esfera Divina.


O trabalho-ação transforma o ambiente.


O trabalho-serviço, transforma o homem.


As tarefas remuneradas conquistam o agradecimento de quem lhes recebe o concurso, mas permanecem adstritas ao mundo, nas linhas da troca vulgar.


A prestação de concurso espontâneo, sem qualquer base de recompensa, desdobra a influência da Bondade Celestial que a todos nos ampara sem pagamento.


A maneira que se nos alonga a ascensão, entendemos com mais clareza a necessidade de trabalhar por amor de servir.


Quando começamos a ajudar o próximo, sem aguilhões, matriculamo-nos no acrisolamento da própria alma, entrando em sintonia com a Vida Abundante.


Nos círculos mais elevados do espírito, o trabalho não é imposto. 


criatura consciente da verdade compreende que a ação no bem é ajustamento
às Leis de Deus e a ela se rende por livre vontade.


Por isso, nos domínios superiores, quem serve avança para os cimos da imortalidade radiosa, reproduzindo dentro de si mesmo as maravilhas do Céu
que nos rodeia a espelhar-se por toda parte.




XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento e Vida, cap.7, p.12.

sábado, 12 de setembro de 2015

Fé - Emmanuel







Emmanuel


Para encontrar o bem e assimilar-lhe a luz, não basta admitír-lhe a existência. 


É indispensável buscá-la com perseverança e fervor.


Ninguém pode duvidar da eletricidade, mas para que a lâmpada nos ilumine o aposento recorremos a fios condutores que lhe transportem a força, desde a aparelhagem da usina distante até o recesso de nossa casa.


A fotografia é hoje fenômeno corriqueiro; contudo, para que a imagem se fixe, na execução do retrato, é preciso que a emulsão gelatinosa sensibilize a placa que a recebe.


A voz humana, através da radiofonia, é transmitida de um continente a outro, com absoluta fidelidade; todavia, não prescinde do remoinho eletrônico que, devidamente disciplinado, lhe transporta as ondulações.


Não podemos, desse modo, plasmar realização alguma sem atitude positiva de confiança.


Entretanto, como exprimir a fé? — indaga-se muitas vezes.


A fé não encontra definição no vocabulário vulgar.


É força que nasce com a própria alma, certeza instintiva na Sabedoria de Deus que é a sabedoria da própria vida. Palpita em todos os seres, vibra em todas as coisas. 

Mostra-se no cristal fraturado que se recompõe, humilde, e revela-se na árvore decepada que se refaz, gradativamente, entregando-se às leis de renovação que abarcam a Natureza.


Todas as operações da existência se desenvolvem, de algum modo, sob a energia da fé.


Confia o campo no vigor da primavera e cobre-se de flores.


Fia-se o rio na realidade da fonte, e dela não prescinde para a sua caudal larga e profunda.


A simples refeição é, para o homem, espontâneo ato de fé. 


Alimentando-se, confia ele nas vísceras abdominais que não vê.


Todo o êxito da experiência social resulta da fé que a comunidade empenhe no respeito às determinações de ordem legal que lhe regem a vida.


Utilizando-nos conscientemente de semelhante energia, é-nos possível suprimir longas curvas em nosso caminho de evolução.


Para isso, seja qual for a nossa interpretação religiosa da ideia de Deus, é imprescindível acentuar em nós a confiança no bem para refletir-lhe a grandeza.


Recordemos a lente e o Sol. 


O astro do dia distribui equitativamente os recursos de que dispõe. 


Convergindo-lhe porém, os raios com a lente comum, dele auferimos poder mais amplo.


O Bem Eterno é a mesma luz para todos, mas concentrando-lhe a força em nós, por intermédio de positiva segurança íntima, decerto com mais eficiência lhe retrataremos a glória.


Busquemo-lo, pois, infatigavelmente, sem nos determos no mal.


O tronco podado oferece frutos iguais àqueles que produzia antes do golpe que o mutilou.


A fonte alcança o rio, desfazendo no próprio seio a lama que lhe atiram.


Sustentemos o coração nas águas vivas do bem inexaurível.


Procuremos a boa parte das criaturas, das coisas e dos sucessos que nos cruzem a lide cotidiana. 


Teremos, assim, o espelho de nossa mente voltado para o bem, incorporando-lhe os tesouros eternos, e a felicidade que nasce da fé, generosa e operante, libertar-nos-á dos grilhões de todo o mal, de vez que o bem, constante e puro, terá encontrado em nós seguro refletor.



XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento e Vida, Cap.6, p. 10-11.