sábado, 27 de dezembro de 2025

Ridículo Silêncio - Emmanuel

 


Ridículo Silêncio

Emmanuel


Há muitas espécies de provação para a dignidade pessoal e numerosos gêneros de defesa.


Há feridas que atingem a honorabilidade de família, golpes que vibram sobre a realização individual, calúnias que envolvem o nome, acusações gratuitas, comentários desairosos à reputação, análises mentirosas de situações respeitáveis e escândalos do ridículo.


Na maioria das experiências dessa natureza, o ruído é justo e a retificação adequada.


Nas contrariedades familiares, é fácil estabelecer programas novos e corrigir normas de conduta.


Na perseguição ao trabalho honroso, basta recorrer aos frutos substanciosos e ricos da obra realizada.


Na calúnia, socorre-se o homem reto do esclarecimento natural.


Na acusações gratuitas, a verdade simples responde pelos acusados aos perseguidores cruéis.


Nos falatórios da rua, a realidade modifica a opinião popular.


No jogo das aparências, com que se procura envenenar as situações dignas, não é difícil demonstrar a nobreza dos fatos, focalizando outros prismas.


Para isso, há um exercício de servidores da justiça do mundo que, com rapidez ou lentidão, atende a reclamações e mobiliza providências compatíveis com os acontecimentos mais estranhos.


Mas, autoridade alguma da Terra garante facilidades à defesa contra os escândalos do ridículo. 


Para suportar, dignamente, esse gênero de provação somente Jesus oferece o padrão necessário. 


A reação não serve, o protesto complica, transforma-se a reclamação em escândalo novo, converte-se o rumor em incêndio de consequências imprevisíveis. 


A criatura bem intencionada, sob a perseguição do ridículo, não tem outro recurso senão recordar o Cristo, incompreendido pelas autoridades de seu tempo, ironizado pelos ignorantes e injuriados pela multidão, compreendendo que todo homem responderá pelos seus atos a Deus, no tribunal do foro íntimo, e que a mais alta defesa contra o sarcasmo do mundo é o silêncio da perfeita confiança no Divino Poder.


XAVIER, Francisco Cândido Ditados por Espíritos Diversos. Coletâneas do além, p.6. Jesus Cristo:  Ilustração Reproduzida da Internet. 

quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

Versos de Natal - Carmen Cinira




Versos de Natal 

Carmen Cinira 


Enquanto a glória do Natal se expande

Na alegria que explode e tumultua,

Lembra o Divino Amigo, além, na rua...

E repara a miséria escura e grande.


Aqui, reina o Palácio do Capricho

Que a louvores e júbilos se entrega,

Onde a prece ao Senhor é surda e cega

E onde o pão apodrece sobre o lixo.


Ali, ergue-se a Casa da Ventura,

Que guarda a fé por fúlgido tesouro,

Onde a imagem do Cristo, em prata e ouro,

Dorme trancada em cárceres de usura.


Além, é o Ninho da Felicidade

Que recorda Belém, cantando à mesa,

Mas, de portas cerradas à tristeza

Dos que choram de dor e de saudade.


Mais além clamam sinos com voz pura:

- “Jesus nasceu!” – É o Templo dos Felizes

Que não se voltam para as cicatrizes...

Dos que gemem nas chagas de amargura...


Adiante, o Presépio erguido em trono

Louva o Rei Pequenino e Solitário,

Olvidando os herdeiros do Calvário

Sobre as cinzas dos catres de abandono.


De quando em quando, o Mestre, em companhia

Daqueles que padecem sede e fome,

Bate ao portal que lhe relembra o nome,

Mas em respostas encontra a noite fria.


E quem contemple a Terra que se ufana,

Ante o doce esplendor do Eterno Amigo,

Divisará, de novo, o quadro antigo:

- Cristo esmolando asilo na alma humana.


Natal!... O mundo é todo um lar festivo!...

Claros guisos no ar vibram em bando...

E Jesus continua procurando

A humildade manjedoura do amor vivo.


Natal! Eis a Divina Redenção!...

Regozija-te e canta renovação,

Mas não negues ao Mestre desprezado

A estalagem do próprio coração.


XAVIER, Francisco Cândido , Espíritos Diversos. Antologia mediúnica do natal. Imagem Reproduzida da Internet.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Na Noite de Natal - Carmen Cinira

 


Na Noite de Natal

Carmen Cinira


Noite de Paz e amor! Repicam sinos,

Doces, harmoniosos, cristalinos,

Cantando a excelsitude do Natal!...

A estrela de Belém volta, de novo,

A brilhar, ante os júbilos do povo,

Sob a crença imortal.

 

De cada lar ditoso se erradia

A glória da amizade e da harmonia,

Em festiva oração;

Une-se o noivo à noiva bem-amada,

Beija o filho a mãezinha idolatrada,

O irmão abraça o irmão.

 

Dentro da noite, há corações ao lume

E há sempre um bolo, em vagas de perfume,

Sob claro dossel...

Em edens fechados de carinho,

De esperança e de mel.

 

Mas, lá fora, a tristeza continua...

Há quem chora sozinho, em plena rua,

Ao pé da multidão;

Há quem clama piedade e passa ao vento,

Ralado de tortura e sofrimento,

Sem a graça de um pão.

 

Há quem contempla o céu maravilhoso,

Rogando à morte a bênção do repouso

Em terrível pesar!

Ah! Como é triste a imensa caravana,

Que segue, aflita, sob a treva humana

Sem consolo e sem lar...

 

Tu, que aceitaste a luz renovadora

Do Rei que se humilhou na manjedoura

Para amar e servir,

Volve o olhar compassivo à senda escura,

Vem amparar os filhos da amargura,

Que não podem sorrir.

 

Desce do pedestal que te levanta

E estende a mão miraculosa e santa

Ao desalento atroz;

Para unir-nos no Amor, fraternalmente,

Desceu Jesus do Céu Resplandecente

E imolou-se por nós.

 

Vem medicar quem geme na calçada!...

Oferece à criança abandonada

Um velho cobertor;

Traze a quem sofre a lúcida fatia

Do teu prato de sonho e de alegria,

Temperado de amor.

 

Visita as chagas negras da mansarda

Onde a miséria súplice te aguarda

Em nome de Jesus,

Há muita criança enferma, quase morta,

Que só pede um sorriso brando à porta,

Para tornar à luz.

 

Natal!... Prossegues o Mestre, de viagem,

Em vão buscando um quarto de estalagem,

Um ninho pobre, em vão!...

E encontra sempre a cruz, ao fim da estrada,

Por não achar socorro, nem pousada

Em nosso coração.

 

XAVIER, Francisco Cândido . Espíritos Diversos. Parnaso de além túmulo. Imagem Reproduzida da Internet.