quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

Versos de Natal - Carmen Cinira




Versos de Natal 

Carmen Cinira 


Enquanto a glória do Natal se expande

Na alegria que explode e tumultua,

Lembra o Divino Amigo, além, na rua...

E repara a miséria escura e grande.


Aqui, reina o Palácio do Capricho

Que a louvores e júbilos se entrega,

Onde a prece ao Senhor é surda e cega

E onde o pão apodrece sobre o lixo.


Ali, ergue-se a Casa da Ventura,

Que guarda a fé por fúlgido tesouro,

Onde a imagem do Cristo, em prata e ouro,

Dorme trancada em cárceres de usura.


Além, é o Ninho da Felicidade

Que recorda Belém, cantando à mesa,

Mas, de portas cerradas à tristeza

Dos que choram de dor e de saudade.


Mais além clamam sinos com voz pura:

- “Jesus nasceu!” – É o Templo dos Felizes

Que não se voltam para as cicatrizes...

Dos que gemem nas chagas de amargura...


Adiante, o Presépio erguido em trono

Louva o Rei Pequenino e Solitário,

Olvidando os herdeiros do Calvário

Sobre as cinzas dos catres de abandono.


De quando em quando, o Mestre, em companhia

Daqueles que padecem sede e fome,

Bate ao portal que lhe relembra o nome,

Mas em respostas encontra a noite fria.


E quem contemple a Terra que se ufana,

Ante o doce esplendor do Eterno Amigo,

Divisará, de novo, o quadro antigo:

- Cristo esmolando asilo na alma humana.


Natal!... O mundo é todo um lar festivo!...

Claros guisos no ar vibram em bando...

E Jesus continua procurando

A humildade manjedoura do amor vivo.


Natal! Eis a Divina Redenção!...

Regozija-te e canta renovação,

Mas não negues ao Mestre desprezado

A estalagem do próprio coração.


XAVIER, Francisco Cândido , Espíritos Diversos. Antologia mediúnica do natal. Imagem Reproduzida da Internet.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Na Noite de Natal - Carmen Cinira

 


Na Noite de Natal

Carmen Cinira


Noite de Paz e amor! Repicam sinos,

Doces, harmoniosos, cristalinos,

Cantando a excelsitude do Natal!...

A estrela de Belém volta, de novo,

A brilhar, ante os júbilos do povo,

Sob a crença imortal.

 

De cada lar ditoso se erradia

A glória da amizade e da harmonia,

Em festiva oração;

Une-se o noivo à noiva bem-amada,

Beija o filho a mãezinha idolatrada,

O irmão abraça o irmão.

 

Dentro da noite, há corações ao lume

E há sempre um bolo, em vagas de perfume,

Sob claro dossel...

Em edens fechados de carinho,

De esperança e de mel.

 

Mas, lá fora, a tristeza continua...

Há quem chora sozinho, em plena rua,

Ao pé da multidão;

Há quem clama piedade e passa ao vento,

Ralado de tortura e sofrimento,

Sem a graça de um pão.

 

Há quem contempla o céu maravilhoso,

Rogando à morte a bênção do repouso

Em terrível pesar!

Ah! Como é triste a imensa caravana,

Que segue, aflita, sob a treva humana

Sem consolo e sem lar...

 

Tu, que aceitaste a luz renovadora

Do Rei que se humilhou na manjedoura

Para amar e servir,

Volve o olhar compassivo à senda escura,

Vem amparar os filhos da amargura,

Que não podem sorrir.

 

Desce do pedestal que te levanta

E estende a mão miraculosa e santa

Ao desalento atroz;

Para unir-nos no Amor, fraternalmente,

Desceu Jesus do Céu Resplandecente

E imolou-se por nós.

 

Vem medicar quem geme na calçada!...

Oferece à criança abandonada

Um velho cobertor;

Traze a quem sofre a lúcida fatia

Do teu prato de sonho e de alegria,

Temperado de amor.

 

Visita as chagas negras da mansarda

Onde a miséria súplice te aguarda

Em nome de Jesus,

Há muita criança enferma, quase morta,

Que só pede um sorriso brando à porta,

Para tornar à luz.

 

Natal!... Prossegues o Mestre, de viagem,

Em vão buscando um quarto de estalagem,

Um ninho pobre, em vão!...

E encontra sempre a cruz, ao fim da estrada,

Por não achar socorro, nem pousada

Em nosso coração.

 

XAVIER, Francisco Cândido . Espíritos Diversos. Parnaso de além túmulo. Imagem Reproduzida da Internet.


terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Natal Sempre - Maria Dolores





Natal Sempre

Maria Dolores



Grande estrela no Oriente aparece ...

"Jesus nasceu!..." - Diz o povo em surdina.

Era a confirmação da Palavra Divina.

Não existe em Belém quem não a reconhece.



Maria ouve a canção, entrando em prece...

Outras vozes recordam cavatinas...

Tudo esperança e paz... E Jesus cresce.



Perdão e amor são altas diretrizes

Nas quais abraça e ampara

Aos pobres e infelizes,

Incluindo seus próprios detratores...



Mas no sangue da Cruz nobre e fecundo,

Nascem novas cidades para o Mundo.

E o caminho do Mestre abre-se em flores.



Xavier, Francisco Cândido. Ditado pelo Espírito Maria Dolores. Soneto recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião de Culto do Evangelho do Lar, na residência do médium, na noite de 30 de outubro de 1991.Imagem Reproduzida da Internet.