Júlio Cezar Grandi Ribeiro
— “Julinho, o servidor mediúnico deve, sempre, cuidar do “campo de
aterrissagem” dos Espíritos. Emmanuel
jamais me passou outra orientação.
Aviões de grande porte procuram campos de pouso condizentes com as
aeronaves.
Um planador, um “teco-teco”, um bimotor não necessitam mais que campos
de reduzidas dimensões. Os aeroclubes, talvez.
É por isto que nossos Benfeitores recomendam disciplina em serviço, com
disciplina no estudo e disciplina no amor ao próximo.
De minha parte eu nunca pude deixar estas recomendações, a fim de
prosseguir servindo com Emmanuel.” Chico Xavier
Júlio Cezar Grandi Ribeiro
“Apesar de ter tomado
conhecimento da Doutrina Espírita por volta dos 16-17 anos, em minha cidade
natal – Cachoeiro de Itapemirim – ES, integrando a Mocidade Espírita “Jerônymo
Ribeiro”, do Centro Espírita de mesmo nome, devo confessar que aquela visita ao
Chico (a primeira que Julinho fez ao médium, em Uberaba) marcou um novo período
de minha história de vida.
Poderei nomeá-lo, realmente, como
um novo rumo em minhas atividades espíritas no Espírito Santo.
Se antes fazia da Doutrina o alvo
central de minha existência, após os contatos que mantive, e ainda procuro
manter com o médium irmão, minha vida firmou-se em metas bastantes definidas,
onde tenho procurado, acima de tudo, aprender com Kardec para servir melhor a
Jesus.
O Chico proporcionou-me, com seus
exemplos e testemunhos, uma maior compreensão dessa Verdade que se me tornou
uma obstinada meta.
Firmei-me em alguns propósitos
como a criação de uma escola para carentes, que vem sendo construída ao longo
do tempo.
O Chico procurou, sobretudo,
dotar-me de mais maturidade mediúnica, fazendo-me observador dos fenômenos que
ocorriam a partir de minhas próprias faculdades.
Mostrou-me a importância do zelo
mediúnico, tornando-me bem mais consciente de minhas responsabilidades como
médium, fossem quais fossem as especificidades em que elas se efetivassem.
Jamais me imaginei lidando com o
grande público, mas foi o Chico quem me alertou para esses compromissos com a
Doutrina.
Sempre me percebi muito tímido e
receoso de qualquer projeção como médium, fora de meu núcleo espírita em minha
cidade, em meu Estado de origem.
Pois bem, o Chico mudou este
quadro, orientando-me como expandir minhas possibilidades de servir e consolar
através da mediunidade.
Com ele fiquei menos frágil e
mais forte aos embates do carreiro.
Tomei uma atitude mais firme
diante de meus opositores.
Por certo, eu já mantinha, a um
tempo, contatos mais freqüentes com a “mãezinha” Yvonne Pereira, que sempre
procurou me passar a vigilância no cultivo da mediunidade, com disciplina,
estudo e zelo.
Eu a visitava sempre que podia,
no bairro Piedade, no Rio de Janeiro, quando, em viagens a serviço da Doutrina,
eu dispunha de algum tempo na Cidade Maravilhosa.
Dona Yvonne era bastante
diferente do Chico no seu modo de orientar: enérgica e severa, embora
conselheira e muito amiga.
Ajudou-me, também.
Mas com o Chico, doce e brando,
mas forte na hora da verdade, o tarefeiro de Bezerra de Menezes e discípulo de
Emmanuel, com uma folha de serviços na mediunidade inquestionável, na condição
de maior médium deste século, pude aprender mais o que ele próprio nomeava como
“as manhas da mediunidade”.
Foi a partir de então que abracei
serviços mais dilatados onde antes eu incursionava apenas como aprendiz
iniciante.
Ampliou-se-me o receituário
mediúnico, agilizei-me na filtragem de páginas confortadoras para familiares
dos desencarnados que me buscavam apoio fraterno, ganhei mais segurança nas
tarefas de ectoplasmia.
O Chico deu-me um grande
incentivo à mediunidade em fenômenos de efeitos físicos, como desenho e pintura
na obscuridade, modelagens e moldagens em parafina… tudo sob a sua orientação.
Ensinava-me, sempre:
— “Julinho, o servidor mediúnico
deve, sempre, cuidar do “campo de aterrissagem”
dos Espíritos.
Emmanuel jamais me passou outra
orientação.
Aviões de grande porte procuram
campos de pouso condizentes com as aeronaves.
Um planador, um “teco-teco”, um
bimotor não necessitam mais que campos de reduzidas dimensões.
Os aeroclubes, talvez.
É por isto que nossos Benfeitores
recomendam disciplina em serviço, com disciplina no estudo e disciplina no amor
ao próximo.
De minha parte eu nunca pude
deixar estas recomendações, a fim de prosseguir servindo com Emmanuel.”
E ajudava-me com os treinos,
muito interessantes, que fazíamos em sua intimidade, ao lado de nossa irmã
Lulu, também médium dedicada.
— “Julinho, o Casimiro Cunha está
propondo uma experiência adestradora…”
Era o poeta-irmão, de Vassouras,
compondo trovas, sonetos, sonetilhos em que ditava os versos seguidamente pelo
Chico, por mim e pela Lulu.
Depois era a vez do Chico
comentar as “produções” que conseguíamos.
Participavam, ainda, desses
treinos, outros Espíritos poetas como o Sebastião Lasneau, o Alfredo Nora, o
Cornélio Pires…
Tenho guardadas estas produções
como lembranças de um período muito rico em experiências construtivas na
companhia do estimado amigo.
Também na área dos efeitos
físicos, da ectoplasmia, de que eu já me valia, e muito, do convívio com o
conhecido médium Peixotinho, da cidade de Campos, e das reuniões no Grupos da
Fraternidade “Irmã Clotildes” (OSCAL), em Vitória – ES, do qual fiz parte desde
sua fundação, pude absorver do Chico orientações mais amplas com relação às
tarefas em apreço.
Das reuniões com o Chico em
Uberaba, como já disse, nasceram novas experiências que muito me gratificaram,
como a produção de luvas em parafina, desenhos a guache, nanquim ou aquarela,
produzidos na total obscuridade, esculturas em parafina, verdadeiras filigranas
dos artistas espirituais. As reuniões com o Chico assumiam culminâncias
divinas.
Os companheiros presentes
costumavam dizer: “Foi um “pedaço”, uma “nesga” do Céu na Terra!…
Junto ao Chico não há quem não
aprenda e se transforme.
Ao seu lado temos a impressão de
se viver os tempos apostólicos do Cristianismo, com exacerbada motivação a nos
tornar melhores.
Com ele aprendi a compreender
melhor o Movimento Espírita, com o que dele fazemos, e a abraçar com dignidade
e renúncia todas as dificuldades que nos surjam ao longo do caminho.
Por orientação do Chico, foram
nascendo os livros que venho editando(1) para arrecadar fundos para a obra
educativa à qual me dedico desde a sua fundação – o IAK.
Mas com ele, efetivamente aprendi
a necessária serenidade para vencer os obstáculos sem declinar de minhas
obrigações fundamentais.
Com o Chico, muito coisa mudou em
minha vida, e mudou para melhor, com certeza.
****
Junto ao Chico, a nossa postura
sempre foi a do aprendiz, muito mais que cooperador.
Nunca me passou pela cabeça
qualquer pretensão de colaborador.
O Chico ensejou-me valiosas
oportunidades de participar das tarefas de psicofonia, nas reuniões mediúnicas
privadas, sob a presidência do confrade Dr. Elias Barbosa.
A cada momento, sorvíamos as
lições que nos surgiam à frente.
Também na psicografia, tive
experiências bastantes proveitosas, sobretudo quando realizávamos nas reuniões
públicas.
Mas eu creio ter vencido qualquer
inibição, a partir dessa época, no que diz respeito às mensagens endereçadas
particularmente a irmãos que buscam consolo na Doutrina ante a perda de
familiares e amigos. Foram muitas, que o Chico examinava no dia seguinte,
comigo, confirmando-me a filtragem e estimulando-me a prosseguir.
Quanto às páginas de Benfeitores
Espirituais, foram tantas e tão diversificadas, tanto na forma, quanto no
contexto, que não saberia precisar a que mais tenha marcado.
Casimiro de Abreu, Cornélio
Pires, Auta de Souza, Alfredo Nora, Sebastião Lasneau, Constâncio Alves Cruz e
Souza… foram tantos!
Não apenas eu, mas igualmente
acontecia com a irmã Lulu, também médium, que sempre me acompanhava nestas
viagens.
Certa vez Emmanuel ensejou-me
filtrar-lhe o pensamento.
Quando me dei conta, estava com a
mensagem psicografada à minha frente.
Fiquei atônito!
Quando o Chico pediu-me para ler,
preferi fazer a leitura de alguma coisa filtrada dos Espíritos poetas,
escamoteando a mensagem de Emmanuel.
Parecia uma intromissão indébita
no terreno do Chico.
No dia seguinte, pela manhã,
saboreávamos um cafezinho do “Bené” na cozinha do Chico, quando ele nos foi
reclamando:
— “Julinho, meu querido irmão,
por que você não leu a página de nosso caro Emmanuel?”
Corei-me, encabulado, entre
evasivas desconexas. O Chico parecia ler, em secreto, meus receios.
— “Poderia deixar-me vê-la
agora?”
Eu a levara comigo no bolso
traseiro da calça.
Chico parecia saber de tudo,
advinhar tudo…
Ao término da leitura, com ar de
satisfação, que me passou incrível bem-estar, concluiu com delicadeza:
— “Emmanuel puro!
Precisamos entender que Emmanuel
não é de Chico nem de ninguém…
Depois que abrimos a reunião com
nossa prece, temos de confiar, Julinho!”
E examinando o texto uma vez
mais, pediu-me:
— “Poderia obter uma cópia desta
página?
Vou endereçá-la a um confrade de
São Paulo que estava presente à reunião ontem e me havia indagado antes do seu
início:
– Chico, será que Emmanuel só
pode psicografar por você?
E quando você se for?…
Os Espíritos guardam preferências
por médiuns?
”E o grande médium acrescentou
com humildade:
— “Dei-lhe explicações bastante
convincentes acerca das afinidades espirituais e dos compromissos assumidos em
nome das responsabilidades mediúnicas, lembrando-lhe que Emmanuel é de todos e
para todos…
Esta mensagem veio a calhar, meu
filho!…”
Envergonhei-me com o sucedido,
porém, acolhi à solicitação inesperada por absoluta obediência mediúnica.
1 – “Irthes & Irthes”,
“Jornada de Amor”, “Seara da Esperança”, “Presença Jovem” e “Isto vos Mando”.
“O ESPÍRITA MINEIRO” NÚMERO 298
JULHO/AGOSTO – 2007. PÁGINA 7 Disponível em http://www.uembh.org.br/
Ler mais em: http://ueak10.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário