31 DE MARÇO - 149 ANOS DA DESENCARNAÇÃO DE ALLAN KARDEC
Kardec passou os anos finais da sua vida dedicado à
divulgação do Espiritismo entre os diversos simpatizantes, e defendê-lo dos
opositores, através da Revista Espírita ou Jornal de Estudos Psicológicos.
Já com cerca de oito milhões de seguidores, faleceu em
Paris, a 31 de março de 1869, aos 64 anos de idade, em decorrência da ruptura
de um aneurisma, quando trabalhava numa obra sobre as relações entre o
Magnetismo e o Espiritismo, ao mesmo tempo em que se preparava para uma mudança
de local de trabalho.
Está sepultado no Cemitério do Père-Lachaise, uma célebre
necrópole da capital francesa. Junto ao túmulo, erguido como os dólmens
druídicos, acima de sua tumba, seu lema: "Nascer, morrer, renascer ainda e
progredir sem cessar, tal é a lei"; em francês.
Em seu sepultamento, seu amigo, o astrônomo francês Camille
Flammarion, proferiu o seguinte discurso, ressaltando a sua admiração por
aquele que ali baixava ao túmulo:
“Voltaste a esse mundo donde viemos e colhes o fruto de teus
estudos terrestres.
Aos nossos pés dorme o teu envoltório, extinguiu-se o teu
cérebro, fecharam-se-te os olhos para não mais se abrirem, não mais ouvida será
a tua palavra…
Sabemos que todos havemos de mergulhar nesse mesmo último
sono, de volver a essa mesma inércia, a esse mesmo pó.
Mas, não é nesse
envoltório que pomos a nossa glória e a nossa esperança. Tomba o corpo, a alma
permanece e retorna ao Espaço.
Encontrar-nos-emos num mundo melhor e no céu
imenso onde usaremos das nossas mais preciosas faculdades, onde continuaremos
os estudos para cujo desenvolvimento a Terra é teatro por demais acanhado.
(…)
Até a vista, meu caro Allan Kardec, até a vista!"
Kardec codificador?
Dora Incontri
Allan Kardec foi o pseudônimo adotado pelo professor
Hippolyte Léon DenizardRivail, nascido em 3 de outubro de 1804, em Lyon, na
França.
Ele realizou a tarefa missionária de codificar, isto é, apresentar em
livros, metódica, didática e logicamente organizados, comentados e explicados,
os postulados da Doutrina Espírita.
Desencarnou no dia 31 de março de 1869 em Paris, França.
Desencarnou no dia 31 de março de 1869 em Paris, França.
No Brasil, o país mais espírita do mundo, Kardec é
normalmente chamado de o “codificador” do Espiritismo.
Entretanto, esse termo
não aparece em nenhuma obra de Kardec, só se observando o seu uso entre nós.
Até agora, não se descobriu quem e por que puseram esse cognome ao mestre de
Lyon.
Já andei consultando os escritos de Bezerra de Menezes no século XIX e não encontrei nenhuma vez uma referência a Kardec como codificador.
Já andei consultando os escritos de Bezerra de Menezes no século XIX e não encontrei nenhuma vez uma referência a Kardec como codificador.
Também em
Léon Denis, não há tal termo.
Denis o chama algumas vezes de o “grande iniciador”;
Bezerra, em seus artigos no jornal O Paíz, com o pseudônimo de Max, analisa o
seu papel de missionário.
No dicionário Houaiss, codificar significa: “reunir numa só
obra textos, documentos, extratos oriundos de diversas fontes; coligir,
compilar”.
Vejamos, pois, se é pertinente essa qualificação a Kardec.
Ora, é exatamente essa a ideia que a maioria dos espíritas
tem a respeito do trabalho de Kardec.
Há muito tempo, já desde o meu livro Para
entender Allan Kardec, venho apontado que o papel de Kardec no Espiritismo não
foi apenas o de compilador, organizador de ideias prontas, vindas dos
Espíritos.
Essa visão, bem típica do movimento espírita brasileiro, reduz o
Espiritismo a uma revelação acabada, sacralizada, e a função de Kardec a uma
espécie de secretário dos Espíritos.
Bem diferente é o que ele pensava sobre
seu próprio trabalho.
Diz ele em Obras Póstumas:
Diz ele em Obras Póstumas:
“Conduzi-me, pois, com os Espíritos, como houvera feito com
homens. Para mim, eles foram, do menor ao maior, meios de me informar e não reveladores
predestinados.”
E na Gênese:
“O homem concorre para a revelação com o seu raciocínio e o
seu critério; desde que os Espíritos se limitam a pô-lo no caminho das deduções
que ele pode tirar da observação dos fatos.
Ora, as manifestações (…) são fatos
que o homem estuda para lhes deduzir a lei, auxiliado nesse trabalho por
Espíritos de todas as categorias, que, de tal modo, são mais colaboradores seus
do que reveladores, no sentido usual do termo.”
Na verdade, Kardec foi um pesquisador, criador de um método
genial que reúne a investigação científica dos fenômenos mediúnicos, com a
articulação racional, filosófica e a revelação espiritual.
Pela primeira vez na
história da humanidade, a revelação é passada pelo crivo científico e a ciência
se abeira da espiritualidade com métodos próprios de observação.
Esse método de
abordagem foi desenvolvido por Kardec e não pelos Espíritos.
No Brasil, justamente por termos perdido ou não compreendido
suficientemente os critérios de racionalidade e pesquisa que Kardec criou para
a análise dos fenômenos mediúnicos, ficamos apenas com a revelação, aceita
cegamente.
Por isso, o termo codificador combina melhor com essa nossa visão
caseira do Espiritismo, como algo meramente revelado e não pesquisado e
concebido pelo ser humano, em diálogo com os Espíritos.
Portanto, impõe-se resgatar Kardec como o grande
pesquisador, pensador, fundador do Espiritismo – ainda muito desconhecido,
desconsiderado e incompreendido, por não-espíritas e pelos próprios que se
dizem seus seguidores.
Fonte
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PEDAGOGIA ESPÍRITA/ ABPE. Kardec
codificador? Dora Incontri. 17 de setembro de 2016 .Disponível em https://blogabpe.org/2016/09/17/kardec-codificador/.
Acesso: 31 Mar 2018.
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