O primeiro pássaro
Momento Espírita
O inverno
havia sido longo e muito frio, com bastante neve, e a primavera ainda não havia
chegado.
Levantei-me
bem cedo, olhei através de minha janela e contemplei um pássaro.
Em seguida
chamei minha esposa e disse:
"Vem
rápido e apressa-te para ver quem chegou à janela!
Aqui está um
amigo nosso que veio de um país longínquo para nos visitar."
Minha esposa
aproximou-se da janela e também viu a pequena ave.
O pássaro
olhou para nós e saiu saltitando pela terra fria e árida à procura da minhoca
madrugadora, porém o pássaro foi mais madrugador que a minhoca.
E minha mulher
correu à cozinha para ver o que poderia encontrar para o bichinho comer.
Eu me dirigi
ao pássaro e então lhe disse, emocionado:
"Estiveste
em um lugar quente, onde o sol brilhou.
E poderias ter
continuado lá. Mas estás aqui.
E vieste
enquanto ainda é inverno, porque a profecia da primavera está em teu sangue.
Tua fé é a
essência de coisas que esperaste e a evidência de coisas que não viste.
Chegaste aqui
depois de voares muitos quilômetros, sim, centenas de quilômetros, rumo a uma
terra desolada, porque tens dentro de tua alma a certeza de que a primavera
está próxima.
Oh, oxalá
houvesse entre os seres humanos certeza tal que encaminhasse alguém para seu
alto destino com uma convicção tão grande quanto a tua!"
E eu pensei
nos olhos, formados na escuridão, mas feitos para enxergar a luz; e nos ouvidos
maravilhosamente modelados no silêncio, mas feitos para ouvir música; e na alma
humana, que nasceu em um mundo onde existe o erro, mas que também nasceu com a
esperança da retidão.
E eu abençoei
o passarinho que me fez pensar nestas coisas...
E, quando fui
à cidade naquele dia, as pessoas diziam:
"Que
coisa! O inverno não está muito frio e longo?"
E eu respondi:
"Não
quero mais ouvir falar do inverno."
E elas
perguntaram:
"Por que
não devemos falar do inverno? Não estás vendo o termômetro e as latas de carvão
vazias?"
Ergui a cabeça
com orgulho e disse:
"Não
quero mais ouvir falar do inverno. Esta manhã vi o primeiro pássaro. Para mim,
a primavera já chegou."
*
* *
Quem dera
pudéssemos ter a fé e a esperança desse ser alado dos ares terrenos...
Em seu
instinto está a voz do Criador garantindo sempre a primavera após a estação do
frio.
Se pudéssemos,
nas invernias aflitivas da vida, lembrar dessa certeza!...
De que tudo
acabará bem...
De que uma
nova estação das flores não tarda em vir...
De que as
temperaturas gélidas nos fazem sempre mais fortes...
Se pudéssemos
perceber, com maior clareza, que o Universo trabalha em nosso favor, em
qualquer estação do ano, por mais insuportável que essa possa ser... quem sabe
já poderíamos ser mais felizes, aproveitando melhor cada oportunidade, cada
experiência de aprendizado.
Quem sabe,
inclusive, poderíamos ser o primeiro pássaro de alguém, cuja alma ainda se
encontra congelada pelo desespero implacável.
Pensemos nisso.
Redação
do Momento Espírita, com base no cap. The first robin, do livro The millionaire
and the scrublady, de William Barton, ed. Zondervan.Disponível em www.momento.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário