Jesus vem a Terra no Natal
Gerson Monteiro
“Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados,
que eu vos aliviarei”.
Esse convite de Jesus há mais de dois mil anos mantém a nossa esperança nos momentos difíceis que passamos neste mundo.
Quantas vezes buscamos a presença amorosa do Cristo na hora da dor, e Dele sempre recebemos forças para carregar a cruz com ânimo e coragem.
Esse convite de Jesus há mais de dois mil anos mantém a nossa esperança nos momentos difíceis que passamos neste mundo.
Quantas vezes buscamos a presença amorosa do Cristo na hora da dor, e Dele sempre recebemos forças para carregar a cruz com ânimo e coragem.
Independente desse convite, segundo Chico Xavier, Jesus vem
a Terra, entre 23 horas do dia 24 e uma hora do dia 25 de dezembro, quando
comemoramos o natalício Dele.
Segundo Chico, muitos espíritos se preparam
durante dez anos para acompanhar o Mestre nessa peregrinação, recolhendo
criaturas anônimas na desencarnação, como a registrada pelo poeta Cornélio
Pires, publicada no livro Antologia mediúnica do Natal.
Eis a poesia recebida por Chico Xavier, intitulada Natal de
Maria:
“Noite... Natal!... Na hora derradeira, /
Sozinha num brejão, com sede e fome, /
Morre jogada à febre que a consome/
A velhinha Maria Cozinheira... /
Lembra o Natal dos tempos de solteira,/
Olha a esteira enrolada e o chão sem nome,/
Mas, de repente, vê que tudo some,/
Está livre do corpo e da canseira!../
Ouve cantos no céu que se descerra:/
— "Glória a Deus nas alturas!... Paz na Terra.../
Maria, sem querer, sobe espantada.../
Nisso, irrompe do Azul divina estrela.../
Alguém surge!...
É Jesus a recebê-la/
No sublime clarão da madrugada”.
Sozinha num brejão, com sede e fome, /
Morre jogada à febre que a consome/
A velhinha Maria Cozinheira... /
Lembra o Natal dos tempos de solteira,/
Olha a esteira enrolada e o chão sem nome,/
Mas, de repente, vê que tudo some,/
Está livre do corpo e da canseira!../
Ouve cantos no céu que se descerra:/
— "Glória a Deus nas alturas!... Paz na Terra.../
Maria, sem querer, sobe espantada.../
Nisso, irrompe do Azul divina estrela.../
Alguém surge!...
É Jesus a recebê-la/
No sublime clarão da madrugada”.
Outra de Cornélio Pires, Despedida de Vital:
“Lua cheia... Na choça a que se apega, /
Morre Vital, velhinho, olhando o morro... /
Por prece, escuta a arenga do cachorro, /
Ganindo nas touceiras da macega. /
Pobre amigo!... Agoniza sem socorro, /
Chora lembrando o milho na moega... /
Oitenta anos de lágrimas carrega/
Na carcaça jogada ao chão sem forro. /
Suando, enxerga um moço na soleira. /
“ Eu sou leproso...”— avisa em voz rasteira, /
Mas diz o moço, envolto em luz dourada: /
“Vital, eu sou Jesus! Venha comigo!...”/
“ E o velho sai das chagas de mendigo/
Para um carro de estrelas da alvorada”.
Morre Vital, velhinho, olhando o morro... /
Por prece, escuta a arenga do cachorro, /
Ganindo nas touceiras da macega. /
Pobre amigo!... Agoniza sem socorro, /
Chora lembrando o milho na moega... /
Oitenta anos de lágrimas carrega/
Na carcaça jogada ao chão sem forro. /
Suando, enxerga um moço na soleira. /
“ Eu sou leproso...”— avisa em voz rasteira, /
Mas diz o moço, envolto em luz dourada: /
“Vital, eu sou Jesus! Venha comigo!...”/
“ E o velho sai das chagas de mendigo/
Para um carro de estrelas da alvorada”.
Numa dessas visitas ao nosso mundo no dia de Natal, Jesus
acolheu a alma de Mariazinha, menina que morreu com fome, cansada e doente,
estirada numa calçada de uma cidade brasileira.
Ao assistir a esse fato na vida espiritual, a poetisa
cearense Francisca Clotilde fez a sua narrativa em versos pela mediunidade de
Chico Xavier, sob o título “Conto de Natal”, publicado no livro Antologia
Mediúnica do Natal.
Conto de Natal
Francisca Clotilde Barbosa Lima
A noite é quase gelada.
Contudo, Mariazinha
É a menina de outras noites
Que treme, tosse e caminha...
Guizos longe, guizos perto...
É Natal de paz e amor.
Há muitas vozes cantando:
– “Louvado seja o Senhor!”
A rua parece nova
Qual jardim que floresceu.
Cada vitrina enfeitada
Repete: “Jesus nasceu!”
Descalça, vestido roto,
Mariazinha lá vai...
Sozinha, sem mãe que a beije,
Menina triste sem pai.
Aqui e ali, pede um pão...
Está faminta e doente.
– “Vadia, saia depressa!”
É o grito de muita gente.
– “Menina ladra!” – outros dizem.
– “Fuja daqui, pata feia!
Toda criança perdida
Deve dormir na cadeia.”
Mariazinha tem fome
E chora, sentindo em torno
O vento que traz o aroma
Do pão aquecido ao forno.
Abatida, fatigada,
Depois de percurso enorme,
Estira-se na calçada...
Tenta o sono, mas não dorme.
Nisso, um moço calmo e belo
Surge e fala, doce e brando:
– Mariazinha, você está dormindo
ou pensando?
A pequenina responde,
Erguendo os bracinhos nus:
– Hoje é noite de Natal,
Estou pensando em Jesus.
– Não lhe lembra mais alguém?
Ela, em lágrimas, disse:
– Eu penso também, com saudade,
Em minha mãe que morreu...
– Se Jesus aparecesse,
Que é que você queria?
– Queria que ele me desse
Um bolo da padaria...
Depois de comer, então –
e a pobre sorriu contente –
Queria um par de sapatos
E uma blusa grande e quente.
Depois... queria uma casa,
Assim como todos têm...
Depois de tudo... eu queria
Uma boneca também...
– Pois saiba, Mariazinha,
Eu lhe digo que assim seja!
Você hoje terá tudo
Aquilo que mais deseja.
– Mas, o senhor quem é mesmo!
E ele afirma, olhos em luz:
– Sou seu amigo de sempre,
Minha filha, eu sou Jesus!...
Mariazinha, encantada,
Tonta de imensa alegria,
Pôs a cabeça cansada
Nos braços que ele estendia...
E dormiu, vendo-se outra,
Em santo deslumbramento,
Aconchegada a Jesus,
Na glória do firmamento.
No outro dia, muito cedo,
Quando o lojista abriu a porta,
Um corpo caiu, de leve...
A menina estava morta.
Obs: Segundo informações do médium Francisco Cândido Xavier este fato verídico, ocorreu na cidade de Fortaleza/CE.
***
XAVIER, Francisco Cândido ; VIEIRA, Waldo . Antologia Mediúnica do Natal . Espíritos Diversos.
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