Gabriela Mistral*
Toda a natureza é um anseio de serviço.
Serve a nuvem, serve o vento, serve a chuva.
Onde haja uma árvore para plantar, planta-a tu; onde haja um erro para corrigir, corrige-o tu; Onde haja um trabalho e todos se esquivem, aceita-o tu.
Sê o que remove a pedra do caminho, o ódio entre os corações e as dificuldades do problema.
Há alegria de ser puro e a de ser justo; mas há, sobretudo, a maravilhosa, a imensa alegria de servir.
Que triste seria o mundo se tudo se encontrasse feito, se não existisse uma roseira para plantar, uma obra para se iniciar!
Não te chamem unicamente os trabalhos fáceis. É muito mais belo fazer aquilo que os outros recusam.
Mas não caias no erro de que somente há méritos nos grandes trabalhos; há pequenos serviços que são bons serviços; adornar uma mesa, arrumar teus livros, pentear uma criança.
Aquele é o que critica; este é o que destrói: se tu o que serve.
O serviço não é faina de seres inferiores.
Deus, que dá os frutos e a luz, serve.
“Seu nome é: Aquele que serve”.
Ele tem os olhos fixos em nossas mãos e nos pergunta cada dia:
“Serviste hoje? A quem? À árvore? A teu irmão? À tua mãe?”
*Gabriela Mistral , foi o codinome da escritora chilena Lucila Godoy Alcayaga, nascida em 7 de abril de 1889.
Adotou o nome de Gabriela em homenagem ao poeta italiano Gabriele D’Annunzio e Mistral como forma de expressar sua admiração pelo poeta provençal Frederic Mistral.
Em 1907, seu noivo suicidou-se, fato que marca toda a sua vida e obra. Nunca se casou, dedicando sua vida ao trabalho como educadora e escritora.
Gabriela foi cônsul no Brasil no anos 40 e viveu em Petrópolis/RJ,período marcado pela dor da perda de seu sobrinho, a quem chamava de filho.
Foi a primeira escritora latino-americana a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1945.
Desencarnou em 1957 em Nova York.
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