sábado, 19 de abril de 2025

Maria de Magdala - Temi Mary Faccio Simionato

 


Maria de Magdala

 Temi Mary Faccio Simionato

 

Órfã aos 17 anos, bela e atraente, dona de grande fortuna, criada e educada distante da religião e dos costumes hebreus, Maria passou a viver em uma das propriedades herdada de seus pais, na aldeia de Magdala. 


Assim, ela chegou e adquiriu fama, acrescentando ao seu nome Magdala.

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A casa em que vivia era procurada por patrícios romanos, ricos negociantes, senhores de terras que lhe depositavam moedas de ouro, joias e perfumes, no entanto ela não era feliz. 


Em certa ocasião, Maria de Magdala ouviu falar sobre o Rabi que andava pelas estradas da Galileia e da Judeia, divulgando a Boa Nova; 


sentia a esperança renascer e, uma noite, depois de muito pensar, foi até Cafarnaum ouvir as pregações do Evangelho do Reino, não longe da vila principesca onde vivia entregue aos prazeres, tomando-se de admiração profunda pelo Messias. 


Que novo amor era aquele apregoado aos pescadores singelos por lábios tão divinos?

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Até aquele momento ela caminhara sobre as rosas rubras do desejo, embriagando-se com o vinho de condenáveis alegrias, no entanto seu coração estava sequioso e em desalento. 


Jovem e formosa, emancipara-se dos preconceitos férreos de sua raça e sua beleza lhe escravizara aos caprichos de mulher os mais ardentes admiradores, mas seu espírito tinha fome de amor.

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Envolvida por pensamentos profundos, Maria procurou o Mestre na humilde casa de Simão Pedro. 


Como o Senhor a receberia? 


Seus conterrâneos nunca lhe haviam perdoado o abandono do lar e a vida de aventuras. 


Porém, Jesus parecia esperá-la, tal a bondade com que a recebeu com um grande sorriso. 


A recém-chegada sentou-se com indefinível emoção a lhe sufocar o peito, chorando aos pés de Jesus, molhando-os com suas lágrimas, enxugando-os com seus cabelos, beijando e ungindo-os com perfume, dizendo: 


“Senhor, ouvi vossa palestra consoladora e venho ao vosso encontro. 


Tendes a clarividência do céu e podes adivinhar como tenho vivido! 


Sou filha do pecado e todos me condenam, entretanto Mestre, observai como tenho sede do verdadeiro amor! 


Minha existência, como todos os prazeres, tem sido estéril e amargurada. 


(...) Ouvi vosso amoroso convite ao Evangelho. 


Desejava ser das vossas ovelhas, mas será que Deus me aceitaria?” 


Jesus entendendo profundidade dos pensamentos de Madalena, respondeu: 


“Maria, levanta os olhos para o céu e regozija-te no caminho porque escutaste a Boa Nova do Reino e Deus te abençoa as alegrias! 


Acaso poderias pensar que alguém no mundo estaria condenado ao pecado eterno? (...) 


Vai, Maria (...) sacrifica-te e ama sempre. 


Longe é o caminho, difícil a jornada, estreita a porta; 


mas a fé remove os obstáculos (...) nada temas.” (Lucas,7:48)

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A pecadora de Magdala escutava o Mestre absorvendo-lhe as palavras. 


Homem algum havia falado assim à sua alma incompreendida. 


Os mais levianos lhe pervertiam as boas inclinações, os aparentemente virtuosos a desprezavam sem piedade. 


No entanto, o profeta Nazareno havia plantado em sua alma novos pensamentos. 


Depois que lhe ouvira a palavra, percebeu que as facilidades da vida traziam a ela agora um tédio mortal, ao espírito sensível. 


Maria de Magdala chorou longamente, embora não compreendesse, ainda, o que pleiteava o Profeta desconhecido, entretanto Seu convite amoroso parecia ressoar nas fibras mais sensíveis de mulher.

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Descobrir o lírio no pantanal e a estrela além da tormenta, constitui desafio para quem se candidata ao crescimento interior. 


Desta maneira, surgem enredamentos perigosos que complicam a marcha e dificultam a ascensão. 


Foi assim, com profundo amor e carinho que o divino Mestre mostrou a Maria e a todos aqueles que desejam sinceramente levantar-se do pó de suas ruínas morais, o caminho a seguir.

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Voltemos a Madalena  após o encontro com o Messias. 


Correu rapidamente a notícia, em Magdala, sobre a conversão da pecadora que para todos era a mulher perdida, que teria de encontrar a lapidação na praça pública. 


Porém, decidida distribuiu tudo que possuía e com o estritamente necessário, iniciou nova caminhada. 


A vida renovada de Madalena começa a partir daí, representando o exemplo daqueles que cometem equívocos em sua marcha evolutiva, mas, ao toque do amor do Cristo, conseguem reajustar-se perante a Lei de Deus, voltando-se definitivamente para o bem.

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Maria Madalena é descrita no Novo Testamento como uma das discípulas mais dedicadas de Jesus; 


exemplo de superação, conseguiu purificar-se de todos os seus enganos, que não eram poucos, entendendo e vivenciando o significado dos ensinos do Mestre, transformando por completo sua vida, dedicando-se à total renovação de seu comportamento pela prática do amor ao próximo. 


Juntou-se, assim, aos que seguiam o Messias, porém, percebia que não confiavam na sua transformação, pois não sabiam e não entendiam, ainda, as tentações pelas quais ela tentava  se sublimar.

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Através da história de Maria de Magdala e sua trajetória, poderemos compreender a necessidade de amparar o irmão que pensa em ser útil e não consegue no momento, ao invés de hostilizá-lo, combate-lo, semeando espinhos por onde passa e levá-lo ao julgamento público.

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Madalena acompanhou Jesus em todos os instantes, até o momento do Gólgota, permanecendo ao pé da cruz, junto a Maria, mãe do Mestre e do discípulo João. 


No terceiro dia após a crucificação, caminhou até o túmulo com Joanna de Cusa e outras mulheres, encontrando a pedra do sepulcro removida. 


A lembrança feita de dor lhe oprimiu o peito, quando ouviu a Sua voz, chamando-a. 


O Nazareno estava ali, vivo. 


Foi assim, anunciar aos discípulos a mensagem da ressurreição, notícia que espalhou imensa alegria entre todos eles.

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Os dias que se seguiram foram de nostalgia e recordações; 


desejou seguir com os novos disseminadores da Boa Nova, mas experimentou a solidão e o abandono, porém compreendeu, lembrando-se do Mestre e resignou-se. 


Para abrandar a imensa saudade do Messias, passou a andar pelas praias. 


Humilde e sozinha, submeteu-se a muitos sacrifícios, trabalhando muito para a sua sobrevivência, recusando as propostas de vida material mais tranquila que poderiam entorpecer-lhe o espírito já desperto para as claridades do amor verdadeiro. 


Esse amor multiplicava-se na proporção que ela o dividia com os tristes e doentes da jornada; sua alegria renascia nos sorrisos dos velhos, jovens e crianças, atendidos com carinho.

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 Vinham da Idumeia, cansados e tristes, um grupo de leprosos buscando socorro da cura, perguntando por Jesus, no entanto, viam todas as portas fechadas, quando encontram Maria que os reuniu sob as árvores e a eles iniciou a transmissão do Evangelho, porém, as autoridades locais ordenaram a expulsão imediata desses irmãos. 


Diante deste fato, Madalena caminha com eles para Jerusalém, passando a viver no vale dos leprosos. 


Dali em diante todas as tardes, a mensageira do Evangelho reunia a turba de seus novos amigos e falava sobre os ensinamentos de Jesus. 


Rostos ulcerados enchiam-se de alegria buscando uma nova luz. 


Os agonizantes arrastavam-se até junto dela e lhe beijavam a túnica, e, assim, a filha de Magdala lembrava o amor do Mestre e tomava-os em seus braços fraternos e carinhosos, levando aos companheiros de dor, uma migalha de esperança, dizendo a eles: 


“Jesus deseja intensamente que nos amemos uns aos outros e que participemos de suas divinas esperanças, na mais extrema lealdade a Deus!”

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Em breve tempo, sua pele apresentava igualmente manchas violáceas da lepra. 


Foi, junto a eles, os leprosos, que Maria constituiu sua família terrena, relembrando de Jesus diariamente, mantendo acesa a fé naqueles corações, exemplificando-se como fiel servidora do Cristo, submetendo-se a todo tipo de infortúnio, sem jamais desfalecer ou reclamar. 


Na fortaleza de sua fé, a ex-pecadora abandonou o vale através das estradas ásperas. 


Foi uma peregrinação difícil e angustiosa até Éfeso, sofrendo humilhações e recorrendo a caridade, no entanto, alegrava-se em reconhecer que seu espírito não tinha motivos para lamentações, pois Jesus a esperava.

 *

A morte do corpo a alcançou em um momento em que a enfermidade se espalhava por todo o seu organismo. 


Experimentava uma sensação de alívio, quando viu Jesus aproximar-se mais belo do que nunca. 


Seu olhar tinha o reflexo do céu e o semblante trazia um júbilo indefinível. 


O mestre estendeu-lhe as mãos e ela se abaixou, exclamando: 


“Senhor! (...) 


Jesus recolheu-a brandamente nos braços e murmurou: 


“Maria, já passaste a porta estreita! 


Amaste muito! 


Vem! 


Eu te espero aqui!” (João,20:16)

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Seu espírito alcançou a glória e a felicidade verdadeira. 


Entendendo-O como poucos e, por esta razão o Messias apareceu primeiramente a ela após sua volta em Espírito, a dizer para o mundo a real importância do sentimento de amor no trato com a vida.

 *

Ela aparece no Evangelho como resplandecente figura feminina a quem todos reverenciamos. 


Portanto, renovemo-nos, meditando na sábia reflexão do espírito Emmanuel, através do meigo médium Francisco C. Xavier, no livro Fonte Viva, capítulo 87: 


“Lembra-te de que não és tu quem espera pela Divina luz. 


É a Divina luz, força do céu ao teu lado, que permanece esperando por ti.”

 

Bibliografia:

FRANCO, P. Divaldo – As Primícias do Reino – ditado pelo espírito Amélia Rodrigues – 2ª edição – Rio de Janeiro/RJ/ Editora Sabedoria – 1967 – A Rediviva de Magdala.

XAVIER, C. Francisco – Boa Nova – ditado pelo espírito Humberto de Campos – 36ª edição – Brasília/DF/ Editora FEB – 2013 – lição 20.


FONTE:

OCONSOLADOR. Disponível em <https://www.oconsolador.com.br/ano12/607/especial.html>. Acesso: 19 Abr 2025.



 

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