domingo, 27 de abril de 2025

Tolerância E Coerência - André Luiz



 Tolerância E Coerência 

André Luiz

E - Cap. X - Item 21


Compreender e desculpar sempre, porque todos necessitamos de compreensão e desculpa, nas horas do desacerto, mas observar a coerência para que os diques da tolerância não se esbarrondem, corroídos pela displicência sistemática, patrocinando a desordem.


Disse Jesus: "amai os vossos inimigos".


E o Senhor ensinou-nos realmente a amá-los, através dos seus próprios exemplos de humildade sem servilismo e de lealdade sem arrogância.


Ele sabia que Judas, o discípulo incauto, bandeava-se, pouco a pouco, para a esfera dos adversários que lhe combatiam a mensagem renovadora...


A pretexto de amar os inimigos, ser-lhe-ia lícito afastá-lo da pequena comunidade, a fim de preservá-la, mas preferiu estender-lhe mãos fraternas, até a última crise de deserção, ensinando-nos o dever de auxiliar aos companheiros de tarefa, na prática do bem, enquanto isso se nos torne possível.


Não ignorava que os supervisores do Sinédrio lhe tramavam a perda...


A pretexto de amar os inimigos, poderia solicitar-lhes encontros cordiais para a discussão de política doméstica, promovendo recuos e concessões, de maneira a poupar complicações aos próprios amigos, mas preferiu suportar-lhes a perseguição gratuita, ensinando-nos que não se deve contender, em matéria de orientação espiritual, com pessoas cultas e conscientes, plenamente informadas, quanto às obrigações que a responsabilidade do conhecimento superior lhes preceitua.

*

Certificara-se de que Pilatos, o juiz dúbio, agia, inconsiderado...


A pretexto de amar os inimigos, não lhe seria difícil recorrer à justiça de instância mais elevada, mas preferiu aguentar-lhe a sentença iníqua, ensinando-nos que a atitude de todos aqueles que procuram sinceramente a verdade não comporta evasivas.


Percebia, no sacrifício supremo, que a multidão se desvairava...


A pretexto de amar os inimigos, era perfeitamente cabível que alegasse a extensão dos serviços prestados, pedindo a comiseração pública, a fim de que se lhe não golpeasse a obra nascente, mas preferiu silencia e partir, invocando o perdão da Providencia Divina para os próprios verdugos, ensinando-nos que é preciso abençoar os que nos firam e orar por eles, sem, contudo, premiar-lhes a leviandade para que a leviandade não alegue crescimento com o nosso apoio.

*

Jesus entendeu a todos, beneficiou a todos, socorreu a todos e esclareceu a todos, demonstrando-nos que a caridade, expressando amor puro, é semelhante ao sol que abraça a todos, mas não transigiu com o mal.


Isso quer dizer que fora da caridade não há tolerância sem coerência.

 

XAVIER, Francisco Cândido; Waldo Vieira Pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz. Opinião espírita, cap 32. Jesus Cristo e os Fariseus:  Ilustração Reproduzida da Internet. 

 


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