quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Jesus vem a Terra no Natal - Gerson Monteiro






Jesus vem a Terra no Natal



Gerson Monteiro 


“Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei”. 


Esse convite de Jesus há mais de dois mil anos mantém a nossa esperança nos momentos difíceis que passamos neste mundo. 


Quantas vezes buscamos a presença amorosa do Cristo na hora da dor, e Dele sempre recebemos forças para carregar a cruz com ânimo e coragem.



Independente desse convite, segundo Chico Xavier, Jesus vem a Terra, entre 23 horas do dia 24 e uma hora do dia 25 de dezembro, quando comemoramos o natalício Dele. 


Segundo Chico, muitos espíritos se preparam durante dez anos para acompanhar o Mestre nessa peregrinação, recolhendo criaturas anônimas na desencarnação, como a registrada pelo poeta Cornélio Pires, publicada no livro Antologia mediúnica do Natal.





Eis a poesia recebida por Chico Xavier, intitulada Natal de Maria:


“Noite... Natal!... Na hora derradeira, / 


Sozinha num brejão, com sede e fome, / 


Morre jogada à febre que a consome/ 


A velhinha Maria Cozinheira... /


Lembra o Natal dos tempos de solteira,/ 


Olha a esteira enrolada e o chão sem nome,/ 


Mas, de repente, vê que tudo some,/ 


Está livre do corpo e da canseira!../ 


Ouve cantos no céu que se descerra:/


— "Glória a Deus nas alturas!... Paz na Terra.../ 


Maria, sem querer, sobe espantada.../ 


Nisso, irrompe do Azul divina estrela.../ 


Alguém surge!... 


É Jesus a recebê-la/ 


No sublime clarão da madrugada”.




Outra de Cornélio Pires, Despedida de Vital:


“Lua cheia... Na choça a que se apega, / 


Morre Vital, velhinho, olhando o morro... / 


Por prece, escuta a arenga do cachorro, / 


Ganindo nas touceiras da macega. / 


Pobre amigo!... Agoniza sem socorro, / 


Chora lembrando o milho na moega... / 


Oitenta anos de lágrimas carrega/ 


Na carcaça jogada ao chão sem forro. / 


Suando, enxerga um moço na soleira. / 


“ Eu sou leproso...”— avisa em voz rasteira, / 


Mas diz o moço, envolto em luz dourada: / 


“Vital, eu sou Jesus! Venha comigo!...”/ 


“ E o velho sai das chagas de mendigo/ 


Para um carro de estrelas da alvorada”.


Numa dessas visitas ao nosso mundo no dia de Natal, Jesus acolheu a alma de Mariazinha, menina que morreu com fome, cansada e doente, estirada numa calçada de uma cidade brasileira.


Ao assistir a esse fato na vida espiritual, a poetisa cearense Francisca Clotilde fez a sua narrativa em versos pela mediunidade de Chico Xavier, sob o título “Conto de Natal”, publicado no livro Antologia Mediúnica do Natal.







Conto de Natal

Francisca Clotilde Barbosa Lima



A noite é quase gelada.

Contudo, Mariazinha

É a menina de outras noites

Que treme, tosse e caminha...

Guizos longe, guizos perto...


É Natal de paz e amor.

Há muitas vozes cantando:

– “Louvado seja o Senhor!”



A rua parece nova

Qual jardim que floresceu.

Cada vitrina enfeitada

Repete: “Jesus nasceu!”



Descalça, vestido roto,

Mariazinha lá vai...

Sozinha, sem mãe que a beije,

Menina triste sem pai.



Aqui e ali, pede um pão...

Está faminta e doente.

– “Vadia, saia depressa!”

É o grito de muita gente.



– “Menina ladra!” – outros dizem.

– “Fuja daqui, pata feia!

Toda criança perdida

Deve dormir na cadeia.”



Mariazinha tem fome

E chora, sentindo em torno

O vento que traz o aroma

Do pão aquecido ao forno.



Abatida, fatigada,

Depois de percurso enorme,

Estira-se na calçada...

Tenta o sono, mas não dorme.



Nisso, um moço calmo e belo

Surge e fala, doce e brando:

– Mariazinha, você está dormindo

ou pensando?



A pequenina responde,

Erguendo os bracinhos nus:

– Hoje é noite de Natal,

Estou pensando em Jesus.



– Não lhe lembra mais alguém?

Ela, em lágrimas, disse:

– Eu penso também, com saudade,

Em minha mãe que morreu...



– Se Jesus aparecesse,

Que é que você queria?

– Queria que ele me desse

Um bolo da padaria...



Depois de comer, então –

e a pobre sorriu contente –

Queria um par de sapatos

E uma blusa grande e quente.



Depois... queria uma casa,

Assim como todos têm...

Depois de tudo... eu queria

Uma boneca também...



– Pois saiba, Mariazinha,

Eu lhe digo que assim seja!

Você hoje terá tudo

Aquilo que mais deseja.



– Mas, o senhor quem é mesmo!

E ele afirma, olhos em luz:

– Sou seu amigo de sempre,

Minha filha, eu sou Jesus!...



Mariazinha, encantada,

Tonta de imensa alegria,

Pôs a cabeça cansada

Nos braços que ele estendia...

E dormiu, vendo-se outra,

Em santo deslumbramento,



Aconchegada a Jesus,

Na glória do firmamento.

No outro dia, muito cedo,

Quando o lojista abriu a porta,

Um corpo caiu, de leve...

A menina estava morta.



Obs: Segundo informações do médium Francisco Cândido Xavier este fato verídico, ocorreu na cidade de Fortaleza/CE.

***

XAVIER, Francisco Cândido ; VIEIRA, Waldo . Antologia Mediúnica do Natal . Espíritos Diversos.



Nenhum comentário: