quarta-feira, 30 de junho de 2021

COOPERAÇÃO - Emmanuel

 


COOPERAÇÃO


Emmanuel


Para que alguém dirija com êxito e eficiência uma empresa importante, não lhe basta a nomeação para o encargo.


Exige-se-lhe um conjunto de qualidades superiores para que a obra se consolide e prospere. 


Não apenas autoridade, mas direção com discernimento.


Não só teoria e cultura, mas virtude e juízo claro de proporções.


Dilatados recursos nas mãos, a serviço de uma cabeça sem rumo, constituem tesouros nos braços da insensatez, assim como a riqueza sem orientação é navio à matroca.


Quem governa emitirá forças de justiça e bondade, trabalho e disciplina, para atingir os objetivos da tarefa em que foi situado.


Quando o poder é intemperante, sofre o povo a intranquilidade e a mazorca, e, quando a inteligência não possui o timão do caráter sadio, espalha, em torno, a miséria e a crueldade.


Daí, conhecermos tantos tiranos nimbados de grandeza mental e tantos gênios de requintada sensibilidade, mas atolados no vício.


No mundo íntimo, a vontade é o capitão que não pode relaxar no mister que lhe é devido.


E assim como o administrador de um serviço reclama a ajuda de assessores corretos, a vontade não prescindirá da ponderação e da lógica, conselheiros respeitáveis na chefia das decisões.


No entanto, urge que o senso de cooperação seja chamado a sustentar-lhe os impulsos.


Nas linhas da atividade terrestre, quem orienta com segurança não ignora a hierarquia natural que vige na coexistência de todos os valores indispensáveis à vida.


Na confecção do agasalho comum, o fio contará com o apoio da máquina, a máquina esperará pela competência do operário, o operário edificar-se-á no técnico que lhe supervisiona o trabalho, o técnico arrimar-se-á na diretoria da fábrica e a diretoria da fábrica equilibrar-se-á no movimento da indústria, dele extraindo o combustível econômico necessário à alimentação do núcleo de serviço que lhe obedece aos ditames.


Observamos, assim, que no Estado Individual a vontade, para satisfazer à governança que lhe compete, sem colapsos de equilíbrio, precisa socorrer-se da colaboração a fim de que se lhe clareie a atividade.


A cooperação espontânea é o supremo ingrediente da ordem.


Da Glória Divina às balizas subatômicas, o Universo pode ser definido como sendo uma cadeia de vidas que se entrosam na Grande Vida.


Cooperação significa obediência construtiva aos impositivos da frente e socorro implícito às privações da retaguarda.


Quem ajuda é ajudado, encontrando, em silêncio, a mais segura fórmula de ajuste aos processos da evolução.

 

XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento e vida.  Rio de Janeiro: FEB,1ª ed.,cap 3, 1958.

 

47 -A VISITA - Casimiro Cunha

 


47 -A VISITA

Casimiro Cunha

 

Quando Deus criou a Terra a visita de amizade, permitiu-a, incentivando a paz e a fraternidade.


Antes, contudo, o Senhor, que preserva nossa vida, deu a norma generosa que, em tudo, lhe é devida.


No silêncio venerando com que falta das Alturas, nosso Pai ensina isso visitando as criaturas.


Vem com o sol de maravilhas que não olvida ninguém, aquece as coisas e os seres, amando, fazendo o bem.


Vem junto à chuva bondosa e atende à fecundação, traz flores, verdura e seiva e espalha as bênçãos do pão.


A Visita Paternal nunca falta nem demora, o Senhor vem ver-nos sempre, cada dia, cada hora.


Entretanto, não comenta nossas grandes cicatrizes, apenas procura meios de tornar-nos mais felizes.


De mil modos auxilia com bondade sempre igual, buscando estabelecer o olvido de todo mal.


Nos tempos de riso e flores, nos dias de dor e abrolhos, ao lado de seus amigos, não visites com maus olhos.


Maledicência é veneno que traz angústias de inferno; ganhar visita ou faze-la, é divino dom do Eterno.


XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 47, p.48.

 

 

terça-feira, 29 de junho de 2021

VONTADE - Emmanuel

 


VONTADE


Emmanuel


Comparemos a mente humana — espelho vivo da consciência lúcida — a um grande escritório, subdividido em diversas seções de serviço.


Aí possuímos o Departamento do Desejo, em que operam os propósitos e as aspirações, acalentando o estimulo ao trabalho; o Departamento da Inteligência, dilatando os patrimônios da evolução e da cultura; o Departamento da Imaginação, amealhando as riquezas do ideal e da sensibilidade; o Departamento da Memória, arquivando as súmulas da experiência, e outros, ainda, que definem os investimentos da alma.


Acima de todos eles, porém, surge o Gabinete da Vontade.


A Vontade é a gerência esclarecida e vigilante, governando todos os setores da ação mental.


A Divina Providência concedeu-a por auréola luminosa à razão, depois da laboriosa e multimilenária viagem do ser pelas províncias obscuras do instinto.


Para considerar-lhe a importância, basta lembrar que ela é o leme de todos os tipos de força incorporados ao nosso conhecimento.


A eletricidade é energia dinâmica.


O magnetismo é energia estática.


O pensamento é força eletromagnética.


Pensamento, eletricidade e magnetismo conjugam-se em todas as manifestações da Vida Universal, criando gravitação e afinidade, assimilação e desassimilação, nos campos múltiplos da forma que servem à romagem do espírito para as Metas Supremas, traçadas pelo Plano Divino.


A Vontade, contudo, é o impacto determinante.


Nela dispomos do botão poderoso que decide o movimento ou a inércia da máquina.


O cérebro é o dínamo que produz a energia mental, segundo a capacidade de reflexão que lhe é própria; no entanto, na Vontade temos o controle que a dirige nesse ou naquele rumo, estabelecendo causas que comandam os problemas do destino.


Sem ela, o Desejo pode comprar ao engano aflitivos séculos de reparação e sofrimento, a Inteligência pode aprisionar-se na enxovia da criminalidade, a Imaginação pode gerar perigosos monstros na sombra, e a memória, não obstante fiel à sua função de registradora, conforme a destinação que a Natureza lhe assinala, pode cair em deplorável relaxamento.


Só a Vontade é suficientemente forte para sustentar a harmonia do espírito.


Em verdade, ela não consegue impedir a reflexão mental, quando se trate da conexão entre os semelhantes, porque a sintonia constitui lei inderrogável, mas pode impor o jugo da disciplina sobre os elementos que administra, de modo a mantê-los coesos na corrente do bem.

 

XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento e vida.  Rio de Janeiro: FEB,1ª ed.,cap. 2, 1958.

 

46-A REFEIÇÃO - Casimiro Cunha

 




46-A REFEIÇÃO

Casimiro Cunha

 

Das horas do lar terrestre, que falam ao coração, destacamos com justiça a hora da refeição.


Há muita gente no mundo que se assenta junto à mesa e recebe o bem divino sem ponderar-lhe a grandeza.


Supõem muitos, mostrando juízo ao sabor do vento, que a refeição se resume a despesa e pagamento.


Raros pensam no trabalho da Eterna Sabedoria que espalha, por toda a terra, esse pão de cada dia.


A maior parte dos homens, estranha à luz da oferenda, aproveita a refeição por dar pasto à gula horrenda.


Muitos outros, igualmente, dominados de cegueira, a transformam em campo largo de excessos de bebedeira.


Não poucos, menosprezando o corpo sadio e forte, em vez de atender a vida, procuram moléstia e morte.


Finalmente, em toda a parte, pelo método confuso, o dom do Senhor se torna em pastagem para o abuso.


Ouve amigo: não te esqueças, nas mais ínfimas estradas, que o prato das refeições é bênção das mais sagradas.


Não olvides que o “pão nosso” é dom sublime e perfeito; se não tens a luz da fé, não te esquives ao respeito.


XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 46, p 47.

 

 

segunda-feira, 28 de junho de 2021

O ESPELHO DA VIDA - Emmanuel

 

 




 O ESPELHO DA VIDA


Emmanuel


A mente é o espelho da vida em toda parte.


Ergue-se na Terra para Deus, sob a égide do Cristo, à feição do diamante bruto, que, arrancado ao ventre obscuro do solo, avança, com a orientação do lapidário, para a magnificência da luz.


Nos seres primitivos, aparece sob a ganga do instinto, nas almas humanas surge entre as ilusões que salteiam a inteligência, e revela-se nos Espíritos Aperfeiçoados por brilhante precioso a retratar a Glória Divina.


Estudando-a de nossa posição espiritual, confinados que nos achamos entre a animalidade e a angelitude, somos impelidos a interpretá-la como sendo o campo de nossa consciência desperta, na faixa evolutiva em que o conhecimento adquirido nos permite operar.


Definindo-a por espelho da vida, reconhecemos que o coração lhe é a face e que o cérebro é o centro de suas ondulações, gerando a força do pensamento que tudo move, criando e transformando, destruindo e refazendo para acrisolar e sublimar.


Em todos os domínios do Universo vibra, pois, a influência recíproca.


Tudo se desloca e renova sob os princípios de interdependência e repercussão.


O reflexo esboça a emotividade.


A emotividade plasma a ideia.


A ideia determina a atitude e a palavra que comandam as ações.


Em semelhantes manifestações alongam-se os fios geradores das causas de que nascem as circunstâncias, válvulas obliterativas ou alavancas libertadoras da existência.


Ninguém pode ultrapassar de improviso os recursos da própria mente, muito além do círculo de trabalho em que estagia; contudo, assinalamos, todos nós, os reflexos uns dos outros, dentro da nossa relativa capacidade de assimilação.


Ninguém permanece fora do movimento de permuta incessante.


Respiramos no mundo das imagens que projetamos e recebemos. 


Por elas, estacionamos sob a fascinação dos elementos que provisoriamente nos escravizam e, através delas, incorporamos o influxo renovador dos poderes que nos induzem à purificação e ao progresso.


O reflexo mental mora no alicerce da vida.


Refletem-se as criaturas, reciprocamente, na Criação que reflete os objetivos do Criador.


XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento e vida.  Rio de Janeiro: FEB,1ª ed.,cap.1, 1958.

Pensamento e Vida - Emmanuel

 

 



Pensamento e Vida


Emmanuel


Perguntou-nos coração amigo se não possuíamos algum livro no Plano Espiritual, suscetível de ser adaptado às necessidades da Terra.


Algumas páginas que falassem, ao espírito, dos problemas do espírito...


Algo leve e rápido que condensasse os princípios superiores que nos orientam a rota ...


E lembramo-nos, por isso, de singela cartilha falada de que dispomos em nossas tarefas, junto aos companheiros em trânsito para o berço,  utilizada em nossas escolas de regeneração, entre a morte e o renascimento.


Anotações humildes que repontam do cérebro como flores que rebentam do solo, sem pertencerem, no fundo, ao jardim que as recolhe, por nascerem da Bondade de Deus que conjuga o Sol e a gleba, a fonte e o ar, o adubo e o vento, para nelas instilar a cor e a forma, a beleza e o perfume...


Eis aqui, portanto, adaptada quanto possível ao campo do esforço humano, a nossa cartilha simples.


“Pensamento e Vida”, chamamos-lhe no Mundo Espiritual e, sob a mesma designação, oferecemo-la aos nossos irmãos de luta, temporariamente internados na esfera física, para informá-los, ainda uma vez, de que o nosso pensamento cria a vida que procuramos, através do reflexo de nós mesmos, até que nos identifiquemos, um dia, no curso dos milênios, com a Sabedoria Infinita e com o Infinito Amor, que constituem o Pensamento e a Vida de Nosso Pai.


EMMANUEL

Pedro Leopoldo, 11 de fevereiro de 1958.

 

XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento e vida.  Rio de Janeiro: FEB,1ª ed., Introdução, 1958.

 

45-A PRAIA - Casimiro Cunha

 




45-A PRAIA

Casimiro Cunha

 

Mar revolto. Sombra densa, ao longo da vastidão.


Vibra a angústia em cada rosto na frágil embarcação.


O vento sopra de rijo espalhando a tempestade, as ondas são monstros verdes no dorso da imensidade.


Dolorosas inquietudes, amarguras, nervosismos...


Céu e mar desesperados – É o choque de dois abismos.


Não mais bússolas, nem velas, tudo horror, trovões e vento, só resta, entre vagalhões, o esforço do salvamento.


Ninguém define a distância e o mais lúcido, o mais forte, mergulha-se em pensamento nos caminhos para a morte.


É quando a costa aparece, trazendo nova esperança.


É a mensagem carinhosa dos planos de segurança.


Que alívio dos viajores, cansados de sofrimento!...


Eis que a praia simboliza a luz dum renascimento.


Ao seu lado, volta a calma, extinguem-se a sombra e a dor, renova-se a confiança na esfera superior.


Esse quadro nos recorda o mundo desesperado, que parece muitas vezes, grande mar encapelado.


Mas todo cristão sincero é uma praia apetecida, onde há paz e segurança, caminho, verdade e vida.


XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 45, p.46.

 

 

domingo, 27 de junho de 2021

44-A PORTEIRA - Casimiro Cunha

 


44-A PORTEIRA

Casimiro Cunha

 

Enquanto a cerca trabalha, organizando a divida, a porteira se encarrega da tolerância precisa.


O caminho generoso, defendido em cada lado, não pode ser confundido, nem deve ser perturbado.


Quem organiza, porém, o esforço de vigilância, pode, às vezes, ser levado a gestos de intolerância a rigidez na fronteira, tendendo para o egoísmo, encontra a porteira sábia, que opera contra o extremismo.


Nas praças como nos campos, ela ensina, com carinho, que a propósitos sagrados, não se nega o bom caminho.


A cerca defende a ordem dominando o que é contrário, mas a porteira bondosa atende ao que é necessário.


Há pessoa aflita e triste que precise providência?


Ei-la pronta a qualquer hora, e atende com diligência.


Animais ao abandono?


Necessidades de alguém?


Expõe com simplicidade a sua missão no bem.


E com calma superior, humilde e silenciosa, completa o serviço amigo da cerca criteriosa.


Vivem no mundo almas nobres, torturadas de aflição, porque lhes faltam porteiras nos campos do coração.


27ncisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 44, p.45.

 

sábado, 26 de junho de 2021

43-A PONTE - Casimiro Cunha

 


43-A PONTE

Casimiro Cunha

 

Onde a estrada se biparte, parando sem que prossiga, manda o Pai que se construa a ponte bondosa e amiga.


Consagrada ao bem dos outros, todo instante atenta a isso, dom dos céus a revelar o espírito de serviço.


Suspensa sobre as alturas, onde uma queda ameaça, sem privilégio a ninguém, a ponte serve a quem passa.


Sempre pronta no caminho, no seu esforço incessante, todo o tempo, dia e noite, é bondade vigilante.


Sanando dificuldades, dá-se ao que vai e ao que vem, pratica com todo o mundo a divina lei do bem.


Por gozar-lhe toda hora, seu constante e terno amor, os homens nunca refletem na extensão do seu valor.


Muita vez é necessário, para que homem possa sentir, que em meio da tempestade, a ponte venha a cair.


No instante em que cada qual vê que o bem próprio periga, já ninguém mais desconhece, quem era essa grande amiga.


A ponte silenciosa, no esforço fiel e ativo, é um apelo à lei do amor, sempre novo, sempre vivo.


Vendo-a nobre e generosa, servindo sem altivez, convém saber se já fomos como a ponte alguma vez.


XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP: Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 43, p.44.


sexta-feira, 25 de junho de 2021

42-A POMBA - Casimiro Cunha

 


42-A POMBA

Casimiro Cunha

 

A pomba bondosa e terna sobe, sobe, além dos montes, e presta serviços nobres devorando os horizontes.


Entre os homens, vê-se o mesmo, nos caminhos da existência; a ninguém falta na terra as asas da inteligência.


Há, porém muita avestruz, muitos corvos e galinhas, e em todo o lugar são raras as pombas e as andorinhas.


XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha.Cartilha da natureza.São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 42, p.43.

 

XA

quinta-feira, 24 de junho de 2021

41-A PODA - Casimiro Cunha

 


41-A PODA

Casimiro Cunha

 

Quando é necessário ao campo produção forte e fiel, não se pode prescindir da poda quase cruel.


É dolorosa a tarefa que se comete ao podão, não só nos tempos de inverno, como em tempo de verão no pomar esperançoso, na vinha feita em verdura, há dores indefiníveis que nascem da podadura.


Velhos ramos opulentos, dilacerados ao corte, despenham-se amargurados, vencidos de angústia e morte.


Esforça-se a podadeira no galho que cede a custo, e as frondes carinhosas parecem tremer de susto.


Muita vez, toda folhagem sucumbe, desaparece, nobres hastes mutiladas dão mostras de mãos em prece.


Mas, depois, findo o tormento, passada a grande agonia, vem a luz da primavera nas colheitas de alegria.


Tudo é festa de beleza, abundância, fruto e flor, devendo-se tudo a bênção da poda que trouxe a dor.


Necessita-se igualmente, no campo das criaturas, das podas em tempo calmo, em tempos de desventuras.


Nas fainas da luta humana, o sofrimento é o podão: Não te furtes à grandeza das leis de renovação.


XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 41, p.42.

 

 

quarta-feira, 23 de junho de 2021

40-A PLANTAÇÃO - Casimiro Cunha

 


40-A PLANTAÇÃO

 

Casimiro Cunha

 

É muito grande o trabalho, enorme a preparação, na terra que se destina ás fainas da plantação.


É preciso desprezar certas plantas, certas flores retirar os espinheiros e arbustos inferiores.


Depois da foice aguçada, que opera o desbravamento, vêm, a golpes de enxadão, limpeza e destocamento.


No corpo da terra nua, em lutas laboriosas, há frondes e flores murchas, cicatrizes escabrosas.


Logo após, o arado amigo, cuidadoso, traça a leira, completando atividades, devidas à sementeira.


O  solo dilacerado dá conta do esforço ingente, a terra aberta e ferida é o berço justo à semente.


A zona que se consagra, ás tarefas de cultura, fornece lições diversas ao campo da criatura.


Muita gente julga, a esmo, que as lutas da educação se resumem a teoria, discurso e doutrinação.


Mas o problema é bem outro: Não se dispensa a harmonia entre ação e ensinamento, nos quadros de cada dia.


Dores, lutas, sofrimentos, são bênçãos de formação da Divina Sementeira nas zonas do coração.


XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha.Cartilha da natureza.São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 40, p.41.

 

 

terça-feira, 22 de junho de 2021

ALLAN KARDEC, REVISTA ESPÍRITA / FEB

 

VIRTUDES IRMÃS







A FÉ, A ESPERANÇA E A CARIDADE

Bordeaux. Médium: Sra. Cazemajoux




A FÉ


Sou a irmã mais velha da Esperança e da Caridade; chamo-me Fé.

*

Sou grande e forte. 


Aquele que me possui não teme nem o ferro, nem o fogo: é à prova de todos os sofrimentos físicos e morais. 


Irradio sobre vós com um facho cujos jatos cintilantes se refletem no fundo de vossos corações e vos comunico a força da vida. 


Dizem, entre vós, que transporto montanhas; eu, porém, vos digo: 


Venho erguer o mundo, porquanto o Espiritismo é a alavanca que me deve auxiliar. Uni-vos a mim; venho convidar-vos: sou a Fé.


 *

Sou a Fé! 


Moro com a Esperança, a Caridade e o Amor no mundo dos Espíritos Puros. 


Muitas vezes deixei as regiões sublimadas e vim à Terra para vos regenerar, dando-vos a vida do Espírito. 


Mas, excetuando os mártires dos primeiros tempos do Cristianismo e, de vez em quando, alguns fervorosos sacrifícios ao progresso da ciência, das letras, da indústria e da liberdade, só encontrei entre os homens indiferença e frieza, retomando tristemente o meu voo para o céu. 


Julgais-me em vosso meio, mas vos enganais, porque a Fé sem obras é um simulacro de Fé. 


A verdadeira Fé é vida e ação.


 *

Antes da revelação espírita a vida era estéril; era uma árvore que, ressequida pelos raios, não produzia nenhum fruto. 


Reconhecem-me por meus atos: ilumino as inteligências, aqueço e fortaleço os corações; afasto para longe de vós as influências enganosas e vos conduzo a Deus pela perfeição do espírito e do coração. 


Vinde abrigar-vos sob a minha bandeira; sou poderosa e forte: eu sou a Fé.


 *

Sou a Fé e o meu reino começa entre os homens; reino pacífico, que os tornará felizes no presente e na eternidade. 


A aurora do meu advento entre vós é pura e serena; seu sol será resplandecente e seu crepúsculo virá docemente embalar a Humanidade nos braços de eternas felicidades. 


Espiritismo! 


Derrama sobre os homens o teu batismo regenerador. 


Eu lhes faço um apelo supremo: eu sou a Fé.

 

Georges, Bispo de Périgueux

 

FONTE 

FEBNET. Disponível em http://www.sistemas.febnet.org.br/site/indiceGeralDeRevistas/verArtigo.php?CodArtigo=409&Palavra=Virtudes%20irm%C3%A3s. Acesso: 18 JUN 2021.





A ESPERANÇA

 

Meu nome é esperança. 


Sorrio à vossa entrada na vida; sigo-vos passo a passo e não vos deixo senão nos mundos onde para vós se realizam as promessas de felicidade, incessantemente murmuradas aos vossos ouvidos. 


Sou vossa fiel amiga; não repilais minhas inspirações: eu sou a Esperança.

 *


Sou eu que canto pela voz do rouxinol e que faço ecoar nas florestas essas notas lamentosas e cadenciadas que vos fazem sonhar com o céu; 


sou eu que inspiro à andorinha o desejo de aquecer os seus amores no abrigo de vossas moradas; 


brinco na brisa ligeira que acaricia os vossos cabelos; 


espalho aos vossos pés o suave perfume das flores dos vossos jardins, e quão pouco pensais nessa amiga que vos é tão devotada! 


Não a repilais: é a Esperança.

 *


Tomo todas as formas para me aproximar de vós. 


Sou a estrela que brilha no azul; o cálido raio de sol que vos vivifica; 


embalo as vossas noites com sonhos alegres; 


expulso para longe as negras preocupações e os pensamentos sombrios; 


guio os vossos passos para a senda da virtude; 


acompanho-vos nas visitas aos pobres, aos aflitos, aos moribundos e vos inspiro palavras afetuosas, que consolam. 


Não me repilais: eu sou a Esperança!


 *

Eu sou a esperança! 


Sou eu que, no inverno, faço crescer na casca dos carvalhos o musgo espesso com que os passarinhos constroem seus ninhos; 


sou eu que, na primavera, coroo a macieira e a amendoeira de flores brancas e rosas e as espalho sobre a terra como uma juncada celeste, que faz aspirar aos mundos felizes; 


sobretudo estou convosco quando sois pobres e sofredores; 


minha voz ressoa incessantemente aos vossos ouvidos.

 *


Não me repilais: eu sou a Esperança. 


Não me repilais, porque o anjo do desespero me faz uma guerra obstinada e se consome em vãos esforços para tomar o meu lugar junto de vós. 


Nem sempre sou a mais forte e, quando ele consegue me afastar, vos envolve com as suas fúnebres asas, desvia os vossos pensamentos de Deus e vos arrasta ao suicídio. 


Uni-vos a mim para afastar sua funesta influência e vos deixai embalar docemente em meus braços, porque eu sou a Esperança.

 

Felícia,

 

Filha do médium


 FONTE

FEBNET. Disponível em http://www.sistemas.febnet.org.br/site/indiceGeralDeRevistas/verArtigo.php?CodArtigo=409&Palavra=Virtudes%20irm%C3%A3s. Acesso: 18 JUN 2021.






A CARIDADE

 


Eu sou a Caridade. 


Em nada me assemelho à caridade cujas práticas seguis. 


Aquela que entre vós usurpou o meu nome é fantasista, caprichosa, exclusiva, orgulhosa; 


venho vos prevenir contra os defeitos que, aos olhos de Deus, diminuem o mérito e o brilho de suas boas ações. 


Sede dóceis às lições que o Espírito de Verdade vos dá por minha voz. 


Segui-me, meus fiéis: eu sou a Caridade.


 *

Segui-me. 


Conheço todos os infortúnios, todas as dores, todos os sofrimentos, todas as aflições que assediam a Humanidade. 


Sou a mãe dos órfãos, a filha dos idosos, a protetora e sustentáculo das viúvas; 


penso as chagas infectadas; 


curo todas as doenças; 


dou roupas, pão e um abrigo aos que não os têm; 


subo às mais miseráveis águas-furtadas, às mais humildes mansardas; 


bato à porta dos ricos e poderosos, porque, onde quer que viva uma criatura humana, sempre existirá, sob a máscara da felicidade, as mais amargas e acerbas dores. 


Oh! quão grande é a minha tarefa! 


Não poderei cumpri-la se não vierdes em meu auxílio. 


Vinde a mim: eu sou a Caridade.


 *

Não tenho preferência por ninguém. 


Jamais digo aos que necessitam de mim: “Tenho os meus pobres; procurai alhures.” 


Oh! falsa caridade, quantos males provocas! 


Amigos, nós nos devemos a todos. 


Crede-me: não recuseis vossa assistência a ninguém; 


socorrei-vos uns aos outros com bastante desinteresse para não exigir nenhum reconhecimento de parte dos que tiverdes socorrido. 


A paz do coração e da consciência é a doce recompensa de minhas obras: eu sou a verdadeira Caridade.

 *


Ninguém conhece na Terra o número e a natureza de meus benefícios. 


Só a falsa caridade fere e humilha aqueles a quem alivia. 


Acautelai-vos contra esse funesto desvio; 


as ações desse gênero não têm nenhum mérito perante Deus e atraem sobre vós a sua cólera. 


Só Ele deve saber e conhecer os generosos impulsos de vossos corações quando vos tornais os dispensadores de seus benefícios. 


Guardai-vos, pois, amigos, de dar publicidade à prática da assistência mútua; 


não mais lhe deis o nome de esmola. 


Crede em mim: eu sou a Caridade.


 *


Tenho tantos infortúnios a aliviar que muitas vezes fico com o colo e as mãos vazios; 


venho dizer-vos que espero em vós. 


O Espiritismo tem por divisa Amor e Caridade; 


e todos os verdadeiros espíritas quererão, no futuro, conformar-se a esse sublime preceito pregado pelo Cristo há dezoito séculos. 


Segui-me, pois, irmãos; 


eu vos conduzirei ao reino de Deus, nosso pai. 


Eu sou a Caridade.

 

Adolfo, Bispo de Argel


FONTE:

FEBNET. Disponível em http://www.sistemas.febnet.org.br/site/indiceGeralDeRevistas/verArtigo.php?CodArtigo=409&Palavra=Virtudes%20irm%C3%A3s. Acesso: 18 JUN 2021.

 

 



INSTRUÇÕES DADAS POR NOSSOS GUIAS A RESPEITO DAS TRÊS COMUNICAÇÕES ACIMA

 

Meus caros amigos, deveis ter imaginado que um de nós havia dado os ensinamentos sobre a fé, a esperança e a caridade, e tivestes razão.

 *

Felizes por ver Espíritos tão elevados vos dar, com tanta freqüência, conselhos que vos devem guiar em vossos trabalhos espirituais, não menos doce e pura é a nossa alegria, quando vimos ajudar a tarefa do vosso apostolado espírita.

 *

Podeis, pois, atribuir ao Espírito Georges a comunicação sobre a Fé; 


a da Esperança a Felícia: aí encontrareis o estilo poético que tinha durante sua vida; 


e a da Caridade a Dupuch, bispo de Argel, que na Terra foi um de seus fervorosos apóstolos. 


Ainda teremos de tratar da caridade sob outro ponto de vista. 


Fá-lo-emos dentro de alguns dias.

 

FONTE

FEBNET. Disponível em http://www.sistemas.febnet.org.br/site/indiceGeralDeRevistas/verArtigo.php?CodArtigo=409&Palavra=Virtudes%20irm%C3%A3s. Acesso: 18 JUN 2021.