domingo, 31 de março de 2024

Maria de Magdala - Emmanuel






Maria de Magdala

Disse-lhe Jesus: - Maria! – Ela, voltando-se, disse-lhe: 

- Mestre! (João, 20:16) 

Emmanuel

 

Dos fatos mais significativos do Evangelho, a primeira visita de Jesus, na ressureição, é daqueles que convidam à meditação substanciosa e acurada.

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Por que razões profundas deixaria o divino Mestre tantas figuras mais próximas de sua vida para surgir aos olhos de Madalena, em primeiro lugar?

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Somos naturalmente compelidos a indagar por que não teria aparecido, antes, ao coração abnegado e amoroso que lhe servira de Mão ou aos discípulos amados...

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Entretanto, o gesto de Jesus é profundamente simbólico em sua essência divina.

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Dentre os vultos da Boa-Nova, ninguém fez tanta violência a si mesmo, para seguir o Salvador, como a inesquecível obsidiada de Magdala. 


Nem mesmo Paulo de Tarso faria tanto, mais tarde, porque a consciência do Apóstolo dos gentios era apaixonada pela Lei, mas não pelos vícios. 


Madalena, porém, conhecera o fundo amargo dos hábitos difíceis de serem extirpados, amolecera-se ao contato de entidades perversas, 


permanecia “morta” nas sensações que operam a paralisia da alma; 


entretanto, bastou o encontro com o Cristo para abandonar tudo e seguir-lhe os passos, fiel até o fim, nos atos de negação de si própria e na firme resolução de tomar a cruz que lhe competia no calvário redentor de sua existência angustiosa.

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É compreensível que muitos estudantes investiguem a razão pela qual não apareceu o Mestre, primeiramente, a Pedro ou a João, à sua Mãe ou aos amigos. 


Todavia, é igualmente razoável reconhecermos que, com o seu gesto inesquecível, Jesus ratificou a lição de que a sua doutrina será, para todos os aprendizes e seguidores, o código de ouro das vidas transformadas para a glória do bem. 


E ninguém, como Maria de Magdala, houvera transformado a sua, à luz do Evangelho redentor.

 

XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Caminho, verdade e vida, cap.92.

 

sábado, 30 de março de 2024

Mensagem Espírita de Páscoa

 


Mensagem Espírita de Páscoa


Jesus, quando esteve …na terra, trouxe uma mensagem totalmente inovadora, baseada no perdão, no amor e na caridade.


Para aquele povo ainda tão materialista e primitivo foi difícil aceitar um novo Messias manso e pacífico, quando esperava um líder guerreiro e libertador da escravidão.

 

Os governantes da época temeram ser ele um revolucionário que ameaçaria o poder por eles constituído.

 

Por esses motivos, Jesus foi condenado à morte, crucificado, maneira pela qual os criminosos eram executados.

 

Como um ser de elevada evolução, reapareceu em espírito – não em corpo material – aos apóstolos e a várias pessoas.

 

Assim ele comprovou a existência do espírito, bem como a sobrevivência após a morte física e incentivou a continuidade da divulgação de sua mensagem, missão essa desempenhada pelos apóstolos e seus seguidores.

 

A ciência já comprovou a impossibilidade da ressurreição, ou seja, voltar a viver no mesmo corpo físico após a morte deste, pois poucos minutos após a morte os danos causados ao cérebro são irreversíveis, já se iniciando o processo de decomposição da matéria.


Jesus, portanto, só se mostrou com o seu corpo perispirítico, o que explica o fato de só ter sido visto pelos que ele quis que o vissem. Se ele ressuscitasse em seu corpo carnal estaria contrariando as leis naturais, criadas por Deus.

 

Sabemos que para Deus nada é impossível, portanto poderia Ele executar milagres.

 

Mas iria Ele derrogar as leis que Dele próprio emanaram?

 

Seria para atestar seus poderes?

 

O poder de Deus se manifesta de maneira muito mais imponente pelo grandioso conjunto de obras da criação e pela sábia previdência que essa criação revela, desde as partes mais gigantescas às mínimas, como a harmonia das leis que regem o universo.

 

Através do Espiritismo compreendemos que não existem milagres, nem fatos sobrenaturais.


A Doutrina codificada por Allan Kardec não possui dogmas, rituais, não institui abstinências alimentares, nem possui comemorações vinculadas a datas comerciais e cívicas. Por isso os espíritas não comemoram a morte nem o reaparecimento de Jesus.

 

O Espiritismo nos ajuda a entender os acontecimentos da passagem de Jesus no plano terra e esclarece que a Páscoa é uma festividade do calendário adotada em nossa sociedade por algumas religiões.

 

Para os espíritas a Páscoa, como qualquer outro período do ano, deve ser um momento de reflexão, estudos e reafirmação do compromisso com os ensinamentos do mestre, a fim de que cada um realize dentro de si, e no meio em que vive, o reino de paz e amor que ele exemplificou.

 

O maior milagre que Jesus operou, o que verdadeiramente atesta a sua superioridade, foi a revolução que os seus ensinamentos produziram no mundo, apesar da exiguidade dos seus meios de ação.

 

FONTE

Texto Publicado no Boletim informativo do Grupo Espírita Seara do Mestre.

 

sexta-feira, 29 de março de 2024

Solidão e Jesus - Joanna de Ângelis

 


Solidão e Jesus

Joanna de Ângelis



Quando as amarguras da jornada te assinalem a alma, jungindo-te ao carro sombrio onde a solidão se demora algemada, recorda o Mestre Crucificado, em terrível abandono.



Onde os amigos d'outrora, as multidões saciadas e os corações socorridos?



Começara o ministério, a que se entregaria integralmente, nas alegres bodas de Caná, e encerrava-o numa Cruz, esquecido dos beneficiários constantes que O envolviam em álacre vozerio.



Sempre estivera o Mestre cercado pelas criaturas...



Pregara nas cercanias formosas das cidades e das aldeias, nas praias livres entre o lago e as montanhas, nas Sinagogas repletas e nas praças movimentadas.



Atendera a todos que Lhe buscaram socorro.



Todo o Seu Apostolado de amor foi de enobrecimento.



À mulher desprezada e em aviltamento, ofereceu as mais belas expressões da sua Mensagem.



Consolou e esclareceu a Samaritana atormentada.



Retirou dos coxins de veludo e seda a obsedada de Magdala.



Convidou Marta às questões do Espírito.



Atendeu à mulher Cananéia, prodigalizando o equilíbrio à filha endemoniada.



Hanah, a sogra de Pedro, recebeu-Lhe o passe curador.



À pobre hemorroíssa sito-fenícia restituiu a saúde.



Ofereceu à viúva de Naim o filho considerado morto.



Joanna, a mulher de Cusa, recebeu-Lhe o convite para a vida imperecível.



A filha de Jairo prodigalizou a bênção do despertamento das malhas da catalepsia.



Além delas, distendeu o amor a todos os corações.



Leprosos e sadios participaram do Seu convívio.



Homens ilustres e mendigos foram comensais da sua afeição.



Recuperou a serenidade no homem de Gadara, infelicitado por Espíritos obsessores e curou o filho do Centurião.



Elucidou o afortunado príncipe do Sinédrio em colóquio fraterno, e propiciou luz aos olhos fechados de mísero cego das estradas de Jericó.



Honrou a rica propriedade de Zaqueu e fez refeições nos barcos humildes dos pobres pescadores.



Revelou a Boa Nova aos sábios de Jerusalém que a escutaram deslumbrados e, à última hora, ensinou aos malsinados ladrões, companheiros de crucificação, a porta estreita para a liberdade espiritual.



Movimentou os membros paralisados de Natanael, descido pelo telhado, e revelou aos discípulos do Batista os sinais que O identificam como o Esperado...



Milhares de alma receberam a paz e a saúde de Suas mãos.



Os "demônios" submetiam-se a sua voz.



O mar respeitou-Lhe a ordem.



O vento atendeu-Lhe o imperativo.



As doenças desapareciam ao Seu contato.



Os anjos obedeciam-Lhe à vontade.



No entanto, à hora da angústia, sorveu a taça de amargura a sós.



O coração feminino, junto à Cruz, apresentou-Lhe apenas a saudade e a aflição, em lágrimas.



Mas provou a agonia, o escárnio e a humilhação em suprema soledade.



Nenhuma voz se ergueu para defendê-lO nas Altas Cortes.



Todavia, entregando-se confiante ao Pai, venceu o mundo e todos os seus enganos e, mesmo depois da morte, ressurgiu glorioso, voltando ao amor para a felicidade de todos.



Lembra-te dEle.



Só no mundo, e o Pai com Ele.



À hora das tuas provações, os companheiros e beneficiários do teu carinho não podem ficar contigo; seguirão adiante. 


A vida espera mais além.



Tem paciência!



Não os ames menos por isso, Eles necessitam da tua compreensão e do teu carinho.



Cresce para ajudar no crescimento deles.



E mesmo que a morte venha às tuas carnes, renascerás das cinzas da sepultura, em esplêndida madrugada, para continuares o teu labor junto àqueles que te abandonaram.



Na tua solidão, entretanto, Jesus estará sempre contigo.



FRANCO, Divaldo Pereira pelo Espírito Joanna de Ângelis. Messe de amor



FONTE

MANSÃO DO CAMINHO. Disponível em <https://www.facebook.com/MansaoDoCaminho/photos/a.373704069320420/728365767187580/?type=3&locale=pt_BR>. Acesso: 28 MAR 2024.

quinta-feira, 28 de março de 2024

Saudades de Jesus - Joanna de Ângelis






Saudades de Jesus

 Joanna de Ângelis


           
No tumulto que assola em toda parte no planeta terrestre, desequilibrando o comportamento humano, parece não haver espaço para a harmonia, tampouco segurança para a vivência espiritual que dignifica e tranquiliza o Espírito.



As distrações confraternizam com as tragédias e os sorrisos misturam-se às lágrimas, numa paisagem de ilusão e dor, que empurram suas vítimas para o desencanto, a saturação, empobrecimento moral, o vazio existencial.



Multiplicam-se, assustadoramente, os agentes da hipnose do consumismo, em fuga espetacular da realidade, transformando-se em mecanismos impotentes para preencher as lacunas da alma sedenta de paz.



Ignorando-se como adquirir a harmonia íntima, a avalanche dos prazeres apresenta-se como a melhor maneira de desfrutar-se das horas que se vive, não conseguindo, porém, proporcionar bem-estar, por causa da sua fugacidade.



O número incontável de pessoas que não possui, porque desconhece, o sentido profundo da reencarnação, encanta-se com essas fantasias que logo são substituídas por outras, ansiosas e instáveis, que desaparecem na voragem dos conflitos em que sucumbem, sem consciência do que lhes acontece.



Os espetáculos de gozo imediato e fugidio apresentam-se, sempre, multiplicados, atraindo aficionados, que se tornam vítimas do seu fascínio, logo transformado em solidão e mentira.



Os deuses da economia alertam e aprisionam os apaixonados pelo ter e pelo poder nos seus cofres e máquinas de ações e de títulos, entusiasmando-os a ponto de se escravizarem aos jogos das bolsas e negócios variáveis que propõem, segundo eles, a felicidade.



Firmam o conceito de que aqueles que são aquinhoados com a fortuna desfrutam da plenitude porque podem adquirir tudo quanto emociona.



Paraísos de indescritível beleza são-lhes oferecidos para os períodos de férias ou as permanentes férias com a ausência dos sentimentos elevados.



Olvidam que dinheiro nenhum consegue apagar a culpa no imo, oferecer afeto real e de profundidade.



Somente quando a razão abraça a emoção, em perfeita identidade de propósitos, é que o ser pode experimentar plenitude que não tem as aparências das satisfações fisiológicas e das apresentações exteriores em que o orgulho e a presunção destacam-se na sociedade.



O homem e a mulher necessitam de ideais engrandecedores para nutrir-se e crescer interiormente.



As aspirações meramente materiais, as que promovem o exterior, assim que conseguidas perdem o sentido e os abandonam sem consideração.
É nesse sentido que o Evangelho faz falta à sociedade moderna.


* * *








Quanta saudade de Jesus!


A Sua mensagem de ternura e amor, repassada de misericórdia, possui o condão mágico de alterar o significado de todas as existências.



A ingenuidade inserta na sabedoria dos Seus ensinamentos é um poema de atualidade em todos os tempos, que comove, propicia equilíbrio e restaura a compreensão em torno dos deveres que a todos cabe desempenhar.


Porque elegeu os infelizes, ergueu-os do caos em que se encontravam ao planalto da dignidade libertadora, fez-se o mais desafiador exemplo de bondade que o mundo conheceu, e tornou-se modelo para incontáveis discípulos fascinados pelo Seu exemplo, que tentaram repetir a incomparável façanha da compaixão e da caridade.


Revolucionou as convicções, nas quais predominavam o ódio e a vingança, e estabeleceu que o amor e o perdão constituem os elementos, únicos, aliás, p ara a completude individual e coletiva.


Utilizou-se de palavras simples para explicar os dramas complexos, assim como de imagens do cotidiano para elucidar os enigmas dos comportamentos em desvalor, que predominavam, e ninguém jamais falou conforme Ele o fez, emoldurando as palavras com as ações candentes da compreensão do sofrimento humano.


Ninguém valorizou a pobreza e os testemunhos de dor como instrumentos de elevação moral, como Ele o fez.


Nestes dias de complexas angústias, não são diferentes as aflições que necessitam da presença e do socorro de Jesus.


Pode-se afirmar que são mais afligentes, em razão das circunstâncias culturais e comportamentos alienantes, dos desafios e dos impositivos enfrentados, dos interesses em jogo, sob o domínio do ego.


Todos esses fatores, porém, têm as suas raízes no cerne do Espírito, resultado do seu atraso moral dos atos reprocháveis, do descaso pelos valores dignificantes que devem servir de roteiro seguro para a evolução.


Ante a ausência dos afetos que lenificam as aflições morais, dos desastres resultantes dos vícios e prisões emocionais, a figura inolvidável do Rabi faz muita falta aos deambulantes carnais.


Incontáveis mulheres equivocadas e criaturas endemoniadas encontram-se necessitadas do Seu amparo, cuja grandeza enfrentou a hipocrisia vigente em imorredouros testemunhos de afetividade.


Ricos, como Zaqueu, e miseráveis como todos aqueles que Lhe buscaram o auxílio enxameiam e movimentam-se sem norte ante a indiferença dos poderosos, não menos atormentados.


Quanta saudade de Jesus!



* * *








Refugia-te no Amigo que não teve amigos e deixa que Ele te conduza.


Nada te perturbe ou confunda a tua mente, face à corrosão do materialismo dominador.


Medita na Sua vida de dedicação a todos os infelizes, que somos quase todos nós, e propaga-a porquanto, jamais, como na atualidade, Jesus necessitou tanto ser conhecido, para que a existência humana passe a ter sentido na sua imortalidade.




FRANCO, Divaldo Pereira pelo Espírito Joanna de Ângelis. Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica de 25.5.2015, no Centro Espírita Caminho da Redenção,  em Salvador, Bahia.



quarta-feira, 27 de março de 2024

Culto Doméstico - Casimiro Cunha

 


Culto Doméstico 

Casimiro Cunha

 

Quando o culto do Evangelho


Brilha no centro do lar,


A luta de cada dia


Começa a santificar.


*


Onde a língua tresloucada


Dilacera e calunia,


Brotam flores luminosas


De sacrossanta alegria.


*


No lugar em que a mentira


Faz guerra de incompreensão,


A verdade estabelece


O império de amor cristão.


*


Onde a ira ruge e morde,


Qual rude e invisível fera,


Surge o silêncio amoroso


Que entende, respeita e espera.


*


A mente dos aprendizes


Bebe luz, em pleno ar.


Todos disputam contentes


A glória de auxiliar.


*  

A bênção do culto aberto,


Na divina diretriz,


Conversa Jesus com todos


E a casa vive feliz.


*


Quem traz a igreja consigo,


Combatendo a treva e o mal,


Encontra a porta sublime


Do Reino Celestial.

 *

XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Gotas de luz. Rio de Janeiro: FEB, ed.9 , 1.994. Cap. 10,p.18.