terça-feira, 23 de março de 2021

24-NO SANTUÁRIO INTERIOR -Casimiro Cunha

 


24-NO SANTUÁRIO INTERIOR

Casimiro Cunha

 

Meu Senhor, Pai de Bondade,


De luz e de Amor sem fim,


Não me abandones à treva


Que trago dentro de mim.


Não me deixes repousar


No leito em flor da ilusão,


Dá-me a bênção luminosa


De tua repreensão.


De espírito encarcerado


Nos débitos que inventei,


Tenho sede do equilíbrio


Que nasce de tua lei.


Controla-me a aspiração


De ganhar e possuir,


Sou teimoso e invigilante,


Ensina-me a discernir.


Entrecruzam-se, em meu peito,


Divergências, dissensões...


Não me relegues ao jugo


De minhas imperfeições.


A chaga alheia, Senhor,


Sei curar, lenir ou ver,


Mas sou tardo de visão


Na esfera de meu dever.


Sou ágil no bom conselho


Ao coração sofredor;


Todavia, surdo e cego,


Nas dias de minha dor.


Nas orações, quase sempre,


Sou cópia dos fariseus,


Sentindo-me, presunçoso,


Dileto entre os filhos teus.


Não escutes, Pai Bondoso,


Os rogos e brados mil


Da ignorância que eu trago,


Vaidosa, bulhenta, hostil...


Não satisfaças, no mundo,


O orgulho atrevido e vão


Que me faz triste e abatido


Nos tempos de provação.


Põe freios duros e fortes


Ao meu serviço verbal,


Muita boca leviana


Tem dado guarida ao mal.


Meus sentidos, enganados,


Perturbam-me, muita vez.


Às emoções desvairadas,


Por compaixão, não me dês!


Que a tua vontade, enfim,


Pronta a prever e prover,


Seja em tudo e em toda a vida


A minha razão de ser.


Meu Senhor, Pai de Bondade,


De Luz e de Amor sem fim,


Não me abandones à treva


Que trago dentro de mim.

 

XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Gotas de luz. Rio de Janeiro: FEB, ed.9 , 1.994. Cap.24,p.43-44.

 

segunda-feira, 22 de março de 2021

23-MIGALHAS - Casimiro Cunha

 


23-MIGALHAS

Casimiro Cunha

 

Quem vive nas discussões,


Atendendo uma por um


Muita vez passa na Terra


Sem acender luz alguma.


Navio grande prossiga


Ao mar alto, em desconforto...


Mas navio pequenino


Navegue perto do porto.


Onde toda a gente manda


Sem que ninguém obedeça,


As obras podem ser grandes


Mas sem pés e sem cabeça.


Não desatendas no mundo


À Grande Sabedoria.


O homem faz almanaques


Mas só Deus governa o dia.


Esperas pela bondade


Que flui da Divina Aurora?


Começa por ser bondoso


Hoje mesmo, aqui, agora!...


Aprende a ouvir a verdade


Serena, elevada e pura.


Muito raro é o bom conselho


Sem ressaibos de amargura


Doentes e prisioneiros


Que o sofrimento congela


Encontram dificilmente


Pessoas da parentela.


Entre amar e bem-querer


Há muitas léguas que andar.


Sanguessuga também sente


O bem-querer de sugar.


Quando o céu é todo azul


Muita gente dá lições,


Mas, chegando à tempestade,


Dá gritos e acusações.


Não zombes do irmão que sofre


Amargurado e ferido ;


Entre as sombras do amanhã,


Teu dia é desconhecido.

 

XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Gotas de luz. Rio de Janeiro: FEB, ed.9 , 1.994. Cap.23,p.42-43.

 

domingo, 21 de março de 2021

22-MENSAGEM DE VIGILÂNCIA - Casimiro Cunha

 


22-MENSAGEM DE VIGILÂNCIA

Casimiro Cunha

 

Se buscas em tua fé


Roteiros de paz e luz,


Afeiçoa a própria vida


Às instruções de Jesus.


Não vale apenas saber.


O aprendizado cristão


Reclama de todos nós


Esforço e edificação.


Palavras, prantos, discursos,


Merecem todo o respeito,


Mas são zero se lhes falta


Caminho nobre e direito.


Muitos sabem todo o texto


Que a Santa Escritura encerra,


Mas vivem segundo a carne,


Colados ao pó da terra.


Notamos por toda a parte,


Nos Templos do mundo inteiro,


Grandes lobos que se ocultam


Em fina lã de cordeiro.


Há serpes ao pé do altar


De mente escura e cruel,


Raposas que dão balidos


Gemendo com voz de mel.


Há vasos alabastrinos


Conservando essência impura.


E há venenos escondidos


Em cálices de ternura.


São almas que a sombra envolve


Em que a mentira faz centro.


Revelam flores por fora


Guardando abismos por dentro.


As teorias sem fatos


Ao povo faminto em prece


São promessas enganosas


De pão que desaparece.


Todos temos fantasias


De Caim, Judas, Pilatos,


Mas nunca seremos livres


Sem Jesus em nossos atos.


Façamos, pois, cada dia,


Bendita e nova cruzada,


Oferecendo ao Senhor


Nossa vida transformada.


Sem Cristo no pensamento,


Sem Evangelho na ação,


Jamais veremos na Terra


O dia da redenção.

 

XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Gotas de luz. Rio de Janeiro: FEB, ed.9 , 1.994. Cap.21,p.39-40.