domingo, 23 de novembro de 2014

Júlio Cezar Grandi Ribeiro






Júlio Cezar Grandi Ribeiro




— “Julinho, o servidor mediúnico deve, sempre, cuidar do “campo de aterrissagem”  dos Espíritos. Emmanuel jamais me passou outra orientação.

Aviões de grande porte procuram campos de pouso condizentes com as aeronaves.

Um planador, um “teco-teco”, um bimotor não necessitam mais que campos de reduzidas dimensões. Os aeroclubes, talvez.

É por isto que nossos Benfeitores recomendam disciplina em serviço, com disciplina no estudo e disciplina no amor ao próximo.

De minha parte eu nunca pude deixar estas recomendações, a fim de prosseguir servindo com Emmanuel.” Chico Xavier








Júlio Cezar Grandi Ribeiro



“Apesar de ter tomado conhecimento da Doutrina Espírita por volta dos 16-17 anos, em minha cidade natal – Cachoeiro de Itapemirim – ES, integrando a Mocidade Espírita “Jerônymo Ribeiro”, do Centro Espírita de mesmo nome, devo confessar que aquela visita ao Chico (a primeira que Julinho fez ao médium, em Uberaba) marcou um novo período de minha história de vida.


Poderei nomeá-lo, realmente, como um novo rumo em minhas atividades espíritas no Espírito Santo.


Se antes fazia da Doutrina o alvo central de minha existência, após os contatos que mantive, e ainda procuro manter com o médium irmão, minha vida firmou-se em metas bastantes definidas, onde tenho procurado, acima de tudo, aprender com Kardec para servir melhor a Jesus.


O Chico proporcionou-me, com seus exemplos e testemunhos, uma maior compreensão dessa Verdade que se me tornou uma obstinada meta.


Firmei-me em alguns propósitos como a criação de uma escola para carentes, que vem sendo construída ao longo do tempo.


O Chico procurou, sobretudo, dotar-me de mais maturidade mediúnica, fazendo-me observador dos fenômenos que ocorriam a partir de minhas próprias faculdades.


Mostrou-me a importância do zelo mediúnico, tornando-me bem mais consciente de minhas responsabilidades como médium, fossem quais fossem as especificidades em que elas se efetivassem.


Jamais me imaginei lidando com o grande público, mas foi o Chico quem me alertou para esses compromissos com a Doutrina.


Sempre me percebi muito tímido e receoso de qualquer projeção como médium, fora de meu núcleo espírita em minha cidade, em meu Estado de origem.


Pois bem, o Chico mudou este quadro, orientando-me como expandir minhas possibilidades de servir e consolar através da mediunidade.


Com ele fiquei menos frágil e mais forte aos embates do carreiro.


Tomei uma atitude mais firme diante de meus opositores.


Por certo, eu já mantinha, a um tempo, contatos mais freqüentes com a “mãezinha” Yvonne Pereira, que sempre procurou me passar a vigilância no cultivo da mediunidade, com disciplina, estudo e zelo.


Eu a visitava sempre que podia, no bairro Piedade, no Rio de Janeiro, quando, em viagens a serviço da Doutrina, eu dispunha de algum tempo na Cidade Maravilhosa.


Dona Yvonne era bastante diferente do Chico no seu modo de orientar: enérgica e severa, embora conselheira e muito amiga.


Ajudou-me, também.


Mas com o Chico, doce e brando, mas forte na hora da verdade, o tarefeiro de Bezerra de Menezes e discípulo de Emmanuel, com uma folha de serviços na mediunidade inquestionável, na condição de maior médium deste século, pude aprender mais o que ele próprio nomeava como “as manhas da mediunidade”.


Foi a partir de então que abracei serviços mais dilatados onde antes eu incursionava apenas como aprendiz iniciante.


Ampliou-se-me o receituário mediúnico, agilizei-me na filtragem de páginas confortadoras para familiares dos desencarnados que me buscavam apoio fraterno, ganhei mais segurança nas tarefas de ectoplasmia.


O Chico deu-me um grande incentivo à mediunidade em fenômenos de efeitos físicos, como desenho e pintura na obscuridade, modelagens e moldagens em parafina… tudo sob a sua orientação. Ensinava-me, sempre:


— “Julinho, o servidor mediúnico deve, sempre, cuidar do “campo de aterrissagem”  dos Espíritos.


Emmanuel jamais me passou outra orientação.


Aviões de grande porte procuram campos de pouso condizentes com as aeronaves.


Um planador, um “teco-teco”, um bimotor não necessitam mais que campos de reduzidas dimensões.


Os aeroclubes, talvez.


É por isto que nossos Benfeitores recomendam disciplina em serviço, com disciplina no estudo e disciplina no amor ao próximo.


De minha parte eu nunca pude deixar estas recomendações, a fim de prosseguir servindo com Emmanuel.”


E ajudava-me com os treinos, muito interessantes, que fazíamos em sua intimidade, ao lado de nossa irmã Lulu, também médium dedicada.


— “Julinho, o Casimiro Cunha está propondo uma experiência adestradora…”


Era o poeta-irmão, de Vassouras, compondo trovas, sonetos, sonetilhos em que ditava os versos seguidamente pelo Chico, por mim e pela Lulu.

Depois era a vez do Chico comentar as “produções” que conseguíamos.


Participavam, ainda, desses treinos, outros Espíritos poetas como o Sebastião Lasneau, o Alfredo Nora, o Cornélio Pires…


Tenho guardadas estas produções como lembranças de um período muito rico em experiências construtivas na companhia do estimado amigo.


Também na área dos efeitos físicos, da ectoplasmia, de que eu já me valia, e muito, do convívio com o conhecido médium Peixotinho, da cidade de Campos, e das reuniões no Grupos da Fraternidade “Irmã Clotildes” (OSCAL), em Vitória – ES, do qual fiz parte desde sua fundação, pude absorver do Chico orientações mais amplas com relação às tarefas em apreço.


Das reuniões com o Chico em Uberaba, como já disse, nasceram novas experiências que muito me gratificaram, como a produção de luvas em parafina, desenhos a guache, nanquim ou aquarela, produzidos na total obscuridade, esculturas em parafina, verdadeiras filigranas dos artistas espirituais. As reuniões com o Chico assumiam culminâncias divinas.


Os companheiros presentes costumavam dizer: “Foi um “pedaço”, uma “nesga” do Céu na Terra!…


Junto ao Chico não há quem não aprenda e se transforme.


Ao seu lado temos a impressão de se viver os tempos apostólicos do Cristianismo, com exacerbada motivação a nos tornar melhores.


Com ele aprendi a compreender melhor o Movimento Espírita, com o que dele fazemos, e a abraçar com dignidade e renúncia todas as dificuldades que nos surjam ao longo do caminho.


Por orientação do Chico, foram nascendo os livros que venho editando(1) para arrecadar fundos para a obra educativa à qual me dedico desde a sua fundação – o IAK.


Mas com ele, efetivamente aprendi a necessária serenidade para vencer os obstáculos sem declinar de minhas obrigações fundamentais.


Com o Chico, muito coisa mudou em minha vida, e mudou para melhor, com certeza.


****


Junto ao Chico, a nossa postura sempre foi a do aprendiz, muito mais que cooperador.


Nunca me passou pela cabeça qualquer pretensão de colaborador.


O Chico ensejou-me valiosas oportunidades de participar das tarefas de psicofonia, nas reuniões mediúnicas privadas, sob a presidência do confrade Dr. Elias Barbosa.


A cada momento, sorvíamos as lições que nos surgiam à frente.


Também na psicografia, tive experiências bastantes proveitosas, sobretudo quando realizávamos nas reuniões públicas.


Mas eu creio ter vencido qualquer inibição, a partir dessa época, no que diz respeito às mensagens endereçadas particularmente a irmãos que buscam consolo na Doutrina ante a perda de familiares e amigos. Foram muitas, que o Chico examinava no dia seguinte, comigo, confirmando-me a filtragem e estimulando-me a prosseguir.


Quanto às páginas de Benfeitores Espirituais, foram tantas e tão diversificadas, tanto na forma, quanto no contexto, que não saberia precisar a que mais tenha marcado.


Casimiro de Abreu, Cornélio Pires, Auta de Souza, Alfredo Nora, Sebastião Lasneau, Constâncio Alves Cruz e Souza… foram tantos!


Não apenas eu, mas igualmente acontecia com a irmã Lulu, também médium, que sempre me acompanhava nestas viagens.


Certa vez Emmanuel ensejou-me filtrar-lhe o pensamento.


Quando me dei conta, estava com a mensagem psicografada à minha frente.


Fiquei atônito!


Quando o Chico pediu-me para ler, preferi fazer a leitura de alguma coisa filtrada dos Espíritos poetas, escamoteando a mensagem de Emmanuel.


Parecia uma intromissão indébita no terreno do Chico.


No dia seguinte, pela manhã, saboreávamos um cafezinho do “Bené” na cozinha do Chico, quando ele nos foi reclamando:


— “Julinho, meu querido irmão, por que você não leu a página de nosso caro Emmanuel?”


Corei-me, encabulado, entre evasivas desconexas. O Chico parecia ler, em secreto, meus receios.


— “Poderia deixar-me vê-la agora?”


Eu a levara comigo no bolso traseiro da calça.


Chico parecia saber de tudo, advinhar tudo…


Ao término da leitura, com ar de satisfação, que me passou incrível bem-estar, concluiu com delicadeza:


— “Emmanuel puro!


Precisamos entender que Emmanuel não é de Chico nem de ninguém…


Depois que abrimos a reunião com nossa prece, temos de confiar, Julinho!”


E examinando o texto uma vez mais, pediu-me:


— “Poderia obter uma cópia desta página?


Vou endereçá-la a um confrade de São Paulo que estava presente à reunião ontem e me havia indagado antes do seu início:


– Chico, será que Emmanuel só pode psicografar por você?


E quando você se for?…


Os Espíritos guardam preferências por médiuns?


”E o grande médium acrescentou com humildade:


“Dei-lhe explicações bastante convincentes acerca das afinidades espirituais e dos compromissos assumidos em nome das responsabilidades mediúnicas, lembrando-lhe que Emmanuel é de todos e para todos…


Esta mensagem veio a calhar, meu filho!…”


Envergonhei-me com o sucedido, porém, acolhi à solicitação inesperada por absoluta obediência mediúnica.


1 – “Irthes & Irthes”, “Jornada de Amor”, “Seara da Esperança”, “Presença Jovem” e “Isto vos Mando”.



Fonte:

“O ESPÍRITA MINEIRO” NÚMERO 298 JULHO/AGOSTO – 2007. PÁGINA 7 Disponível em http://www.uembh.org.br/



Ler mais em: http://ueak10.blogspot.com.br

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