Uma Luz
Maria
Dolores
Por vezes,
tanto empeço na estrada,
Que indagas,
coração, de alma desencantada,
Por que
meios humanos prosseguir...
Entretanto,
ergue a fronte, ao vasto firmamento,
Da nuvem
mais pesada ou do céu mais cinzento
Uma luz há
de vir...
Deus a
ninguém esquece... Ante a sombra noturna,
Sem bússola
na selva imóvel e soturna,
O viajor se
detém, sem coragem de agir;
Pára,
pensando em Deus... A névoa se condensa...
Mas a oração
lhe diz, além da sombra imensa:
Uma luz há
de vir...
Abate-se na
mina a sinistra barragem,
Pedras,
detritos e lama impedem a passagem,
Vozes
clamam, no fundo, a gemer e a pedir;
Eis que a
prece se eleva e, ao socorro da Altura,
Gritam vozes
de irmãos, promovendo a abertura:
Uma luz há
de vir...
É noite. Sobre
o mar, há bulcões em batalha,
Relâmpagos
relembram fogo de metralha
No trovão a
rugir;
O barco, aos
vagalhões, treme, estremece, estala
Pequena
multidão, ora, espera e se cala...
Uma luz há
de vir...
Desse modo,
igualmente, alma fraterna,
Quando a prova
por sombra te governa,
Qual noite
que te oculta as visões do porvir,
Quando tudo
pareça escuridão que avança,
Trabalha,
serve, crê e ouve a voz da esperança:
Uma luz há
de vir...
XAVIER,
Francisco Cândido pelo Espírito Maria Dolores. Maria Dolores, médium.
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