quarta-feira, 13 de março de 2024

Entre Nós - Casimiro Cunha

 


Entre Nós

Casimiro Cunha

 

Coração que não se abre


À sementeira do amor


Não guarda com segurança


A luz do Consolador.



Muita leitura sem obras


De ensino e consolação


Traz a flor parasitária


Da inútil conversação.



Desalento choramingas


Em pranto sempre a correr,


Expressa, frequentemente,


Muito serviço a fazer.



Comentários contra ingratos,


Verbo amargoso e violento,


São tristes revelações


No anseio de isolamento.



Discursos sem caridade


- Fraternidade sem portas -


Tribunas que não amparam


São sinais de fontes mortas.



Fadiga de todo instante,


Chorosa, escura e cediça,


Traduz sem contestação,


Fragilidade e preguiça.



Cabeça muito ilustrada,


Sobre a vida em calmaria,


É urna lavrada em ouro,


Muito nobre, mas vazia.



Entusiasmo eloquente,


Sem atos de amor cristão,


É fogo de palha seca,


Em bolhas de água-sabão.



Sublime conhecimento,


Distanciado do bem,


É tesouro enferrujado,


Que não ajuda a ninguém.



Banquetes da inteligência,


Sem Jesus suprindo a mesa,


São brilhos de força bruta


Em pedras da natureza.


 

XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Gotas de luz. Rio de Janeiro: FEB, ed.9 , 1.994. Cap. 12,p.21.

 

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