Mais importante do que seguir uma religião é amar e agir
Cláudio Viana
Silveira
“Há três décadas o
médico Hunter Patch Adams, travestido de palhaço, invade os quartos dos
hospitais alegrando a vida de pacientes portadores de graves enfermidades,
enchendo suas vidas com humor, compaixão e esperança.
Autor de três livros, (...) dirige o Hospital Gesundheit
(saúde, em alemão), nos Estados Unidos, que atende de graça, renovando as
esperanças de milhares de pessoas, além de ensejar melhoria no tratamento
médico-psicológico.”(1)
A filosofia de vida de Patch – médico, humorista, humanista,
intelectual, escritor e ativista da paz mundial – é o amor, não apenas no
âmbito hospitalar, mas nas relações sociais como um todo, independente do
lugar.
Defende que o objetivo do médico não é curar, mas cuidar, com muito amor, tocando nos doentes, olhando em seus olhos, sorrindo...(2)
Defende que o objetivo do médico não é curar, mas cuidar, com muito amor, tocando nos doentes, olhando em seus olhos, sorrindo...(2)
***
Há dois mil anos, na poeirenta Galileia, um Rabi empunhou
esta bandeira e por lá andava travestido de... Hippie? Pobre? Andarilho?
Pescador? Pastor? Professor? Legislador?
Talvez em sua exterioridade um pouco de tudo isso, mas com
um interior obstinado e perseverante em sua causa e com uma integral coerência
entre o que lecionava e o que realizava.
Numa época em que as distâncias eram percorridas a pé –
quando muito em muares – visto não haver bicicleta, carro, motocicleta, ônibus,
aviões... é possível que o Mestre, sua família, seus apóstolos e discípulos
percorressem, por exemplo, quase 150 quilômetros para subirem de Nazaré a
Jerusalém e mais uns 50 para descerem até Cafarnaum, às plácidas margens do Mar
da Galileia, seu “pesqueiro” favorito.
Também é possível que no frescor dessas margens, muitas
vezes, disfarçado de pescador, barqueiro, médico, curandeiro abnegado dos males
do corpo e da alma, professor ou legislador, lançasse suas redes aos corações
da esquerda e aos da direita de sua embarcação.
Tal qual Patch, que diz “não precisar seguir religião
alguma”, mas apenas “amar e agir”, o Divino Mestre amava e agia com seu jeitão
despojado e versátil.
Sem acesso a comprimidos ou a intervenções cirúrgicas, na
dependência de blocos ambulatoriais de hospitais e suas UTIs, o Mestre
realizava o que podia – e como podia! – em favor mais das almas do que dos
corpos daqueles aos quais encantava com seus “disfarces”.
Falava-lhes que deveriam ter fé e até fazia comparativos
alegóricos ao grão de mostarda e à remoção de montanhas, para enaltecer a
virtude tão necessária à saúde do corpo e do Espírito.
É possível que a história e a vida de Patch, ao longo destas
décadas, tenha conclamado os cidadãos terrenos – independente do jaleco,
uniforme, hábito, toga, utilitário dos quais se utilizam para desenvolver suas
tarefas terrenas – a se travestirem de semeadores do amor do Cristo.
Dessa forma, ações que:
– Referendassem confortos espirituais análogos a todas as
técnicas dos profissionais de saúde de todas as áreas, somadas ao entendimento,
resignação e paciência dos doentes;
– Lecionassem não somente matérias, mas toda uma dedicação
complementar, maternal, paternal e fraterna, mesmo quando reféns de abjetas
remunerações; e obtivessem uma imediata resposta por parte dos alunos no
sentido de compreender-lhes os esforços, fazendo a diferença no sentido de não
“colarem”, embora tendo essa oportunidade, abominassem o bullying e outras
práticas indesejáveis, tais quais evitar drogas e outras promiscuidades;
– Representassem atitudes sérias por parte de empresários
que não só não sonegassem, mas evitassem lesar seus clientes, que tratassem com
humanidade e lisura seus funcionários e que estes lhes retribuíssem com esforço
dedicação e honestidade;
– Significassem comprometimento das forças públicas para
darem retorno aos cidadãos que recolhem em dia seus impostos;
– Evidenciassem leis justas que conduzissem com harmonia uma
nação e que de forma nenhuma extorquissem o pão da mesa de seus filhos;
– Estampasse nos rostos dos garis a paz da consciência, do
dever cumprido, a satisfação que sentem de ver seu trabalho usufruído por
ordinários e anônimos usuários que compreendem, valorizam e agradecem a
humildade de suas tarefas; e
– Revelassem não somente uma coragem física, mas a guardiã
coragem moral de imprimir um algo a mais às Forças Armadas e Auxiliares na
promoção de ações cívico-sociais em diversos rincões do País com a cooperação
fraterna e possível das populações desses lugares...
Travestiriam, a todos nós – médicos, enfermeiros, agentes de
saúde e pacientes; professores, alunos, pais e colaboradores; patrões,
empregados e consumidores; legisladores, executores e fiscalizadores;
funcionários comuns e humildes e os usufrutuários dessas árduas e diárias
tarefas; militares, forças vivas da comunidade, agentes de trânsito, guardas
civis... em agentes a serviço do bem, da concórdia, da alegria e do bem-estar.
***
“Ao sorrir, esboçamos mensagens de amor”(1), conclui o autor
do capítulo.
Referências:
1. CARNEIRO, Joseval. O Evangelho é um santo remédio. Cap.
“Humor e esperança auxiliam no tratamento”, Editora EME.
2. Wikipédia, a enciclopédia livre.
FONTE:
O CLARIM. Disponível em :
http://www.oclarim.org/site/_pages/ler.php?idartigo=3600. Acesso: 16 FEV 2014.
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