quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Mais importante do que seguir uma religião é amar e agir - Cláudio Viana Silveira





Mais importante do que seguir uma religião é amar e agir

  Cláudio Viana Silveira


 “Há três décadas o médico Hunter Patch Adams, travestido de palhaço, invade os quartos dos hospitais alegrando a vida de pacientes portadores de graves enfermidades, enchendo suas vidas com humor, compaixão e esperança.


Autor de três livros, (...) dirige o Hospital Gesundheit (saúde, em alemão), nos Estados Unidos, que atende de graça, renovando as esperanças de milhares de pessoas, além de ensejar melhoria no tratamento médico-psicológico.”(1)






A filosofia de vida de Patch – médico, humorista, humanista, intelectual, escritor e ativista da paz mundial – é o amor, não apenas no âmbito hospitalar, mas nas relações sociais como um todo, independente do lugar. 


Defende que o objetivo do médico não é curar, mas cuidar, com muito amor, tocando nos doentes, olhando em seus olhos, sorrindo...(2)


***


Há dois mil anos, na poeirenta Galileia, um Rabi empunhou esta bandeira e por lá andava travestido de... Hippie? Pobre? Andarilho? Pescador? Pastor? Professor? Legislador?


Talvez em sua exterioridade um pouco de tudo isso, mas com um interior obstinado e perseverante em sua causa e com uma integral coerência entre o que lecionava e o que realizava.


Numa época em que as distâncias eram percorridas a pé – quando muito em muares – visto não haver bicicleta, carro, motocicleta, ônibus, aviões... é possível que o Mestre, sua família, seus apóstolos e discípulos percorressem, por exemplo, quase 150 quilômetros para subirem de Nazaré a Jerusalém e mais uns 50 para descerem até Cafarnaum, às plácidas margens do Mar da Galileia, seu “pesqueiro” favorito.


Também é possível que no frescor dessas margens, muitas vezes, disfarçado de pescador, barqueiro, médico, curandeiro abnegado dos males do corpo e da alma, professor ou legislador, lançasse suas redes aos corações da esquerda e aos da direita de sua embarcação.


Tal qual Patch, que diz “não precisar seguir religião alguma”, mas apenas “amar e agir”, o Divino Mestre amava e agia com seu jeitão despojado e versátil.


Sem acesso a comprimidos ou a intervenções cirúrgicas, na dependência de blocos ambulatoriais de hospitais e suas UTIs, o Mestre realizava o que podia – e como podia! – em favor mais das almas do que dos corpos daqueles aos quais encantava com seus “disfarces”.


Falava-lhes que deveriam ter fé e até fazia comparativos alegóricos ao grão de mostarda e à remoção de montanhas, para enaltecer a virtude tão necessária à saúde do corpo e do Espírito.


É possível que a história e a vida de Patch, ao longo destas décadas, tenha conclamado os cidadãos terrenos – independente do jaleco, uniforme, hábito, toga, utilitário dos quais se utilizam para desenvolver suas tarefas terrenas – a se travestirem de semeadores do amor do Cristo.


Dessa forma, ações que:


– Referendassem confortos espirituais análogos a todas as técnicas dos profissionais de saúde de todas as áreas, somadas ao entendimento, resignação e paciência dos doentes;


– Lecionassem não somente matérias, mas toda uma dedicação complementar, maternal, paternal e fraterna, mesmo quando reféns de abjetas remunerações; e obtivessem uma imediata resposta por parte dos alunos no sentido de compreender-lhes os esforços, fazendo a diferença no sentido de não “colarem”, embora tendo essa oportunidade, abominassem o bullying e outras práticas indesejáveis, tais quais evitar drogas e outras promiscuidades;


– Representassem atitudes sérias por parte de empresários que não só não sonegassem, mas evitassem lesar seus clientes, que tratassem com humanidade e lisura seus funcionários e que estes lhes retribuíssem com esforço dedicação e honestidade;


– Significassem comprometimento das forças públicas para darem retorno aos cidadãos que recolhem em dia seus impostos;


– Evidenciassem leis justas que conduzissem com harmonia uma nação e que de forma nenhuma extorquissem o pão da mesa de seus filhos;


– Estampasse nos rostos dos garis a paz da consciência, do dever cumprido, a satisfação que sentem de ver seu trabalho usufruído por ordinários e anônimos usuários que compreendem, valorizam e agradecem a humildade de suas tarefas; e


– Revelassem não somente uma coragem física, mas a guardiã coragem moral de imprimir um algo a mais às Forças Armadas e Auxiliares na promoção de ações cívico-sociais em diversos rincões do País com a cooperação fraterna e possível das populações desses lugares...


Travestiriam, a todos nós – médicos, enfermeiros, agentes de saúde e pacientes; professores, alunos, pais e colaboradores; patrões, empregados e consumidores; legisladores, executores e fiscalizadores; funcionários comuns e humildes e os usufrutuários dessas árduas e diárias tarefas; militares, forças vivas da comunidade, agentes de trânsito, guardas civis... em agentes a serviço do bem, da concórdia, da alegria e do bem-estar.


***





“Ao sorrir, esboçamos mensagens de amor”(1), conclui o autor do capítulo.



Referências:

1. CARNEIRO, Joseval. O Evangelho é um santo remédio. Cap. “Humor e esperança auxiliam no tratamento”, Editora EME.


2. Wikipédia, a enciclopédia livre.



FONTE:


O CLARIM. Disponível em : http://www.oclarim.org/site/_pages/ler.php?idartigo=3600. Acesso: 16 FEV 2014.

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