domingo, 16 de dezembro de 2018

Encontro Divino - Rodrigues de Abreu




Encontro Divino

Rodrigues de Abreu


Na bênção do Natal,
quando o aprendiz desditoso
contemplou toda a luz
que o Mestre lhe trazia
a Terra transformou-se
aos seus olhos em pranto.


Renovado a feliz
reconheceu que a lama
era adubo sublime;
Notou em cada espinho
uma vara de flores
e descobriu que a dor,
em toda parte, é dádiva celeste.


Assombrado,
viu-se, enfim, tal qual era,
um filho de Deus-Pai
ligado em si à Humanidade inteira.
Descortinou mil sendas para o bem
no chão duro que lhe queimava os pés.


Encontrou primaveras
sobre o frio hibernal
e antegozou colheitas multiformes
na sementeira frágil e enfermiça.
Deslumbrado,
sentiu, nas flores, estrelas mudas,
nas fontes, bênçãos do céu exilados no solo,
e nas vozes humildes da natureza
o cântico da vida
a Bondade Imortal.


Abrira-se-lhe n'alma o Grande Entendimento...
Não conseguiu articular palavra
à frente do mistério.
Somente o pranto
de alegria profunda
orvalhou-lhe o semblante em êxtase divino.


E, desde então,
passou a servir sem cessar,
dentro de indevassável silêncio,
qual se o Mestre e ele se bastassem um ao outro,
morando juntos para sempre,
à maneira de duas almas
vivendo num só corpo
ou de dois astros
a brilharem unidos,
em pulsações de luz,
no Coração o Amor.



XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Rodrigues de Abreu. Antologia Mediúnica do Natal .


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