quarta-feira, 17 de março de 2021

18-ILAÇÕES Casimiro Cunha





18-ILAÇÕES

Casimiro Cunha

 

Inicia o teu trabalho,


Rendendo-lhe santo apreço.


Não há fim vitorioso


Onde não há bom começo.


Quem te leva à tempestade


Inclina-te ao desabrigo.


Quem te afasta do perdão


Não pode ser teu amigo.


O pobre rixoso e mau,


Soberbo, rude e violento,


É muito pior que o rico


Que se fez duro e avarento.


Quem constrói, quem cose e lava,


Quem ara, quem planta e fia


Estende os clarões do Céu


No campo de cada dia.


Eleva-te, pouco a pouco,


Para o cimo da montanha.


Muita vez, quem mais abarca


É aquele que menos ganha.


Conta bastante contigo.


Certas graças e favores


Começam com riso e festa


E acabam em grandes dores.


Não teimes ante a bondade.


Serve, ampara e renuncia...


A cabeça muito dura


Quase sempre está vazia.


Não te aflijas. Sobre a Terra


Onde tudo surge e passa,


Não há gozo sem limite,


Nem há sombra sem fumaça.


Nos pareceres dos outros


Nem sempre há muita valia.


Há sarcasmo que te exalta


E há louvor que te injuria.

 

XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Gotas de luz. Rio de Janeiro: FEB, ed.9 , 1.994. Cap. 18,p.31-32.


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