domingo, 17 de outubro de 2021

12. NO LADO OPOSTO - Valérium

 


 

12. NO LADO OPOSTO

Valérium


O homem vivia no sopé de elevada montanha. 


Aplicara a existência estudando os meios de conquistá-la.


Fez projetos meticulosos.


Planejou a via de acesso.


Calculou os patamares da escalada.


Consumiu longo tempo.


Gastou dinheiro.


Selecionou o pessoal necessário ao grande feito.


Depois de ingentes esforços, sacrificando inúmeras vidas de companheiros e animais e perdendo vasta cópia de material no decurso de toda a existência, conseguiu atingir o tope.


Com surpresa, encontrou, lá em cima, toda uma nação de habitantes felizes, em plena comunicação com os vales imensos, através de primorosa estrada que haviam construído no lado oposto...


*

Assim tem sido a vida de muitos filósofos e teóricos na Terra.


Fazem estudos.


Traçam projetos.


Perdem fortunas.


Dissipam oportunidades.


Queimam a saúde.


Articulam hipóteses e problemas.


Discutem.


Azedam as horas.


Fogem à cooperação e à fraternidade.


Mas, galgando as alturas da morte, analisam os gastos inúteis e a falta de objetividade dos esforços que despenderam, pois os planos de levantamento do caminho que buscavam tornam-se pueris e integralmente superados pelas criaturas de boa-vontade que colocam proveito e serviço acima de contenda e conversa.

*


Como espírita, observe o que você procura.


Estude sempre, mas seja prático, para que, além da morte, o frio e a sombra da inutilidade não lhe surjam à frente.

 

VIEIRA, Waldo pelo Espírito Valérium. Bem aventurados os simples. Rio de Janeiro: FEB,10ª ed., 1962

 

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