segunda-feira, 8 de abril de 2024

A Lenha - Casimiro Cunha

 


A Lenha 

Casimiro Cunha

 

Essa lenha pobre e seca, que se entrega com bondade, é sugestão do caminho e exemplifica a humildade.


Já pensaste em seu passado?


Um lenho seco... que era?


Talvez o galho mais lindo dos dias da primavera.


Quem sabe?


 Talvez um tronco, terno abrigo nos caminhos, um palácio nobre e verde de flores e passarinhos.


No entanto, em missão de auxílio, com santa resignação, não se nega a cooperar nas máquinas de carvão.


Em noite chuvosa e fria, ela é a doce companheira que aquece as recordações, crepitando na lareira.


Ao seu calor, os mais velhos acham prazer na lembrança; os mais moços a alegria de comentar a esperança.


Morrendo animosamente, em chamas de luz e graça, ela sabe que é de Deus, por isso trabalha e passa.


Se viveu rindo e cantando, entre seivas e prazeres, com os mesmos encantamentos, cumpre os últimos deveres.


Ah! quão poucos na jornada convertem reminiscências em calor, vida e perfume de novas experiências!...


Mas chega o dia em que o homem, sem combater, sem negar-se, precisa, como essa lenha, da coragem de apagar-se.


XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da naturezaSão Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 32, p.33.


Nenhum comentário: