sábado, 20 de abril de 2024

Anexins de Sempre - Casimiro Cunha

 


Anexins de Sempre 

Casimiro Cunha

 

A cabeça ambiciosa


Que vive votada ao mal


Escreve o favor na areia


E grava a ofensa em metal.


*


Quem teme cobra e lagarto,


Quem passarinhos receia,


Perde a vida sem combate,


Não prepara, nem semeia.


*


Aprende a ver e lembrar!...


No curso de toda a história,


O soberbo perde a vista,


O ingrato perde a memória.


*


Da ternura doce e branda,


Sê devoto, não escravo...


Eu bonzinho, tu bonzinho,


Quem educa o burro bravo?


*


No mesmo tronco, onde a abelha


Retira fortuna e mel,


A aranha escura e disforme


Faz morte, peçonha e fel.


*


Cultiva a lei do equilíbrio


Que nos ajuda e contenta,


Se o necessário deleita,


O excesso fere e atormenta.


*


Do verbo usado no mundo,


Nasce a guerra, nasce a paz.


Com palavras edificas,


Com palavras matarás.


*


Guarda sempre em teu trabalho


Silêncio e ponderação...


Quando a praça parlamenta,


É hora de rendição.


*


Cumprindo a Vontade Eterna,


Sê pronto, leal e breve.


Quem faz tudo o que deseja,


Nem sempre faz quanto deve.


*


Não te revoltes se a Terra


Nega-te acesso ao jardim...


Há números de começo,


Não há número de fim.

 


XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Gotas de luz. Rio de Janeiro: FEB, ed.9 , 1.994. Cap. 2,p.6-7.

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