Anexins de Sempre
Casimiro Cunha
A cabeça ambiciosa
Que vive votada ao mal
Escreve o favor na areia
E grava a ofensa em metal.
*
Quem teme cobra e lagarto,
Quem passarinhos receia,
Perde a vida sem combate,
Não prepara, nem semeia.
*
Aprende a ver e lembrar!...
No curso de toda a história,
O soberbo perde a vista,
O ingrato perde a memória.
*
Da ternura doce e branda,
Sê devoto, não escravo...
Eu bonzinho, tu bonzinho,
Quem educa o burro bravo?
*
No mesmo tronco, onde a abelha
Retira fortuna e mel,
A aranha escura e disforme
Faz morte, peçonha e fel.
*
Cultiva a lei do equilíbrio
Que nos ajuda e contenta,
Se o necessário deleita,
O excesso fere e atormenta.
*
Do verbo usado no mundo,
Nasce a guerra, nasce a paz.
Com palavras edificas,
Com palavras matarás.
*
Guarda sempre em teu trabalho
Silêncio e ponderação...
Quando a praça parlamenta,
É hora de rendição.
*
Cumprindo a Vontade Eterna,
Sê pronto, leal e breve.
Quem faz tudo o que deseja,
Nem sempre faz quanto deve.
*
Não te revoltes se a Terra
Nega-te acesso ao jardim...
Há números de começo,
Não há número de fim.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Gotas de luz. Rio de Janeiro: FEB, ed.9 , 1.994. Cap. 2,p.6-7.
Nenhum comentário:
Postar um comentário