Fuga dolorosa
O suicídio continua em alta. Infelizmente.
Apresenta-se das formas mais diversas.
Desde o ser que, voluntariamente, agride sua integridade
física ao que deixa de cuidar da saúde, no intuito de apressar o fenômeno da
morte.
Nesse particular, temos uma gama muito grande.
Portadores de determinadas enfermidades, com necessidade de
dietas e cuidados, que desleixam.
Não aceitam se furtar ao prazer disso ou daquilo.
E a doença progride aceleradamente, advindo a morte
prematura.
Seres vinculados ao vício do fumo, do álcool, da droga.
Criaturas que, na busca do prazer, esquecem as horas do
sono.
Desgastam a máquina orgânica em noitadas vazias.
Acordam, no dia seguinte, a horas mortas, com distúrbios
digestivos, cefaleia, intoxicações.
O quadro se repete, se reprisa, levando aquele que assim se
entrega a um desgaste orgânico, sem recomposição.
Pessoas que se desvitalizam no abuso sexual.
Pessoas que não buscam o médico, não se submetem a exames,
não aceitam conselhos.
São todos suicidas indiretos.
O desejo de morrer pode resultar em enfermidades.
A anorexia, por exemplo.
O quadro clínico da anorexia contém mais sinais do que a
simples recusa de comida.
O corpo inteiro decreta um estado de animação suspensa.
Nenhum sono.
Nenhuma alimentação.
Todas as funções vitais estão atrofiadas, reduzidas.
E as greves de fome?
Há que se considerar da nobreza da causa, os objetivos que
as orientam.
Pode haver, por trás da decisão, o ardente desejo de buscar
a morte. Nesse caso, é suicídio lento.
O sacrifício da vida é meritório quando tem por fim salvar a
de outros ou ser útil aos semelhantes.
Mas um sacrifício não é meritório senão pelo desinteresse, e
antes de realizá-lo deve-se refletir se a vida não poderá ser mais útil do que
a morte.
A mais trágica de todas as circunstâncias que envolvem a
morte, a de consequências mais devastadoras, é o suicídio.
Tormentos desabam sobre o suicida.
Precipitado, de forma violenta, na Espiritualidade, em plena
vitalidade física, revive, sem cessar, por largo tempo, as dores e as emoções
dos últimos momentos.
Um dos grandes problemas é o lesionamento do corpo
espiritual.
O suicida exibe na organização espiritual ferimentos
correspondentes à lesão do corpo físico.
Podemos aquilatar das dores de quem desferiu um tiro no
cérebro, ingeriu elemento corrosivo, atirou-se de grande altura.
Tais efeitos se registrarão em nova reencarnação.
O tiro no cérebro originará dificuldade na fala, no
raciocínio.
O impacto da queda violenta poderá propiciar complexos
quadros neurológicos.
O veneno corrosivo implicará em ulcerações ou deficiências
no aparelho digestivo.
E, na medida em que a família mergulhe no desespero e na
inconformação, mais sofrerá o suicida.
O bálsamo que se lhe pode oferecer é a oração.
Ela lhe constituirá alento novo para os padecimentos no
Além. Também o auxiliará a se reerguer.
* * *
Se você está a ponto de cometer a loucura do suicídio, pare!
Pense!
Espere!
O problema pode parecer muito amargo ao coração.
A sombra interior é tamanha que você tem a ideia de haver
perdido o próprio rumo.
Mas, não se mate!
Deus não nos abandona.
Faça silêncio e ore.
O socorro chegará.
Por meios que você desconhece, Deus permanece agindo.
Redação do Momento Espírita, com base no item 951, de O
livro dos Espíritos, de AllanKardec, ed. FEB; no cap. 6, item Anorexia, greves
de fome: as greves da vida, do livro Suicídio, modo de usar, de Claude Guillon
e Ives Le Bonniec, ed. EMW Editores e no cap. Fuga comprometedora, do livro
Quem tem medo da morte?, de Richard Simonetti, Gráfica São João.Disponível em
www.momento.com.br.
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