segunda-feira, 24 de maio de 2021

10-A CANGALHA - Casimiro Cunha

 







10-A CANGALHA

Casimiro Cunha

 

Nos círculos de serviço, toda a gente que trabalha nem sempre sabe entender a nobreza da cangalha.


Não fosse ela, entretanto, que atende, promete e faz, e talvez o campo inteiro viveria estranho à paz.


Convenhamos na prudência que vem do rifão de antanho – basta, às vezes, uma ovelha para perder o rebanho.


O muar deseducado, que a força brutal anime, nunca perde ensejo ao coice e está sempre pronto ao crime.


Viveu ao léu, ameaçando a golpes de grosseria; Aparentando brandura, transborda selvageria.


Transforma-se, comumente, no animal rude e vilão, que se esquiva do trabalho, por preguiçoso e ladrão.


Todavia, chega o instante em que a cangalha, bondosa, comparece orientando, honesta, laboriosa.


Ligada por laço forte ao amigo da indolência, dá-lhe os bens da utilidade em luzes de experiência.


Perguntemos a nós mesmos, notando-a, modesta e bela, quais os homens deste mundo que podem viver sem ela.


O dever, como a cangalha, que tanta grandeza encerra, é a balança de equilíbrio nas vidas de toda a Terra.

 

XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 10, p.9.



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