domingo, 30 de maio de 2021

17-A COVA - Casimiro Cunha

 




17-A COVA

Casimiro Cunha

 

Raro é aquele que medita contemplando a terra impura, no trabalho peregrino da cova pequena e escura.


Assemelha-se à ferida sobre a leira dadivosa, indicio de golpes fundos da enxada laboriosa.


Mas, na essência, a cova simples, singela, desconhecida, é o altar da Natureza, celebrando a luz da vida.


É seio aberto à beleza, ao bem que se perpetua, a existência renovada que se eleva e continua.


É o sepulcro onde a semente, em sombra e separação, vai, morrendo, reviver nas bênçãos da Criação.


E eis que a vida se elabora nessa doce intimidade, renovando-se aos impulsos de força e imortalidade.


Depois do apodrecimento, germinação e esplendores, verdes galhos de esperança, tenros ninhos promissores.


Mais tarde, o tronco, a colheita na fartura indefinida...


Tudo, a obra generosa da cova humilde e esquecida.


Esse símbolo expressivo vem lembrar, à criatura, o campo do cemitério e o quadro da sepultura.


Inda aí, a cova amiga é sempre o sublime umbral, porta aberta ao crescimento no plano espiritual.

 

 

XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP: Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 17, p.16.

 

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